Pesquisando em um banco de dados pessoal, encontrei alguns ensinamentos do guru Randolf Brenan, que teceu alguns pensamentos relacionados a comportamento social, os quais procurarei analisar sob a ótica do futebol:
1. “Esperteza é sinônimo de desonestidade”
Já ouvi algumas vezes a frase no meio do futebol: “ah, aquele cara é bom, mas é muito sincero. O futebol é dos espertos!”. Isso cheira a desonestidade, na minha modesta opinião. Devemos ser astutos até o limite daquilo que a legislação permite e os códigos de ética pré-estabelecidos na nossa sociedade estipulam. O resto é desculpa para a transgressão, que nada tem a ver com os ideais propostos pela natureza do esporte.
2. “Confiar e conhecer as pessoas antes de julgá-las, sem adotar qualquer pré-conceito”
Vemos muito isso no ambiente do futebol: por vezes um determinado treinador não serve porque não foi jogador. Outros já o excluem por ter sido atleta profissional e não sentou em um banco escolar acadêmico. O conhecimento científico é fundamental no mundo do futebol, mas o conhecimento tácito por vezes é de extrema relevância também para um ambiente de gestão de um grupo de atletas e a participação em um contexto de comissão técnica.
José Mourinho explica em um de seus livros que não prescinde de um membro em sua comissão técnica que tenha sido ex-jogador por reconhecer sua habilidade de lidar de maneira distinta com os atletas. Por outro lado, a capacitação contínua e até acadêmica é importantíssima para ex-atletas que desejam ascender em uma carreira no esporte.
O fato é que, de ambos os lados, percebe-se um pré-julgamento desnecessário entre os pares que só prejudica a ampliação de conhecimento, saindo da prática para a área acadêmica.
3. “Paciência e análise, em muitos casos, dá mais resultado do que ações e execuções desesperadas”
Vamos bater novamente na tecla do planejamento: vi e continuo vendo muitos clubes com trabalhos mal sucedidos por total falta de critérios e processos em sua gestão global. Dizem alguns: “precisamos subir de divisão neste ano, do contrário o clube fecha!”. E passam a contratar e mandar embora treinadores; contratar e mandar embora jogadores, formando um ciclo vicioso que não contribui em nada para uma perspectiva de futuro e prejudicando a sustentabilidade da instituição no longo prazo.
As entidades com o mínimo de estratégia e visão de futuro têm se mostrado com as melhores estruturas para o alcance de resultados em um patamar regular no alto nível.
Explicação final:
Tomei a liberdade de utilizar o espaço por uma questão pessoal e agradeço antecipadamente a concessão do mesmo pela Universidade do Futebol nesta semana. Fiz uma brincadeira com o Randolf Brenan, que é na verdade um nome fictício criado pelo consultor Max Gehringer, quando quis passar uma mensagem diferente para o seu público sobre o mundo corporativo.
Copiei o modelo com a finalidade de fazer uma justa homenagem ao meu pai, Sr. Juvêncio Campestrini. As frases e ensinamentos do tal “guru” são, na realidade, dele. Meu pai, hoje com 55 anos, juntamente com minha mãe, Rosemarie, sempre foi e é um eterno incentivador da minha carreira e da minha irmã, hoje na Itália cursando Engenharia Ambiental.
Na última semana me dei conta que completei 10 anos de profissão, ou melhor, que pelo menos entrei na área de Educação Física e Esportes. Em 2001 comecei o curso de Ciência do Esporte na UEL e desde então tive o apoio e a força irrestrita deles ao longo de toda a caminhada que percorri e venho percorrendo, com a conclusão do curso da pós-graduação, do mestrado e das atividades profissionais que vim desempenhando no período.
O meu “guru” tem um significado todo especial para mim. Guardo e tento reproduzir seus ensinamentos no dia a dia e, se algo dá errado, percebo que por algum motivo não fui um bom aluno em alguma de suas lições.
Tenho certeza de que todos os leitores possuem algum “guru”, seja ele na figura paterna, materna, de avós, professores, líderes, treinadores, chefes, padrinhos, tios, amigos – enfim, pessoas que contribuíram para a formação do caráter e, por isso, são fundamentais em nosso crescimento.
Entendi mais do que justo fazer referências à pessoa que me ajudou, ajuda e continuará tendo uma importância fundamental em minha vida! Obrigado por tudo nestes últimos 10 anos (ou quase 30 de vida) e que venham os próximos…
Para interagir com o autor: geraldo@universidadedofutebol.com.br