Entre para nossa lista e receba conteúdos exclusivos e com prioridade
Entre para nossa lista e receba conteúdos exclusivos e com prioridade

A seleção brasileira de futebol sub-20 conquistou o pentacampeonato mundial da categoria vencendo a equipe de Portugal, na prorrogação, por 3 a 2. Mesmo com as ausências de Lucas e Neymar, que serviram a equipe principal na Copa América, os atletas comandados pelo técnico Ney Franco fizeram uma excelente campanha com cinco vitórias, dois empates, 18 gols marcados e cinco sofridos nos sete jogos que disputaram.

Diferentemente do ocorrido na Copa América, as críticas que foram amplamente distribuídas pela mídia ao treinador Mano Menezes, foram poupadas ao Ney Franco (e, consequentemente, à sua comissão técnica), devido à conquista do primeiro lugar. Porém, se quando se perde não significa que exatamente tudo está equivocado, quando se ganha, não significa que tudo está perfeito. Após as merecidas comemorações, é momento de reflexões do que precisa ser aperfeiçoado, ajustado, mantido e, até mesmo, modificado. Reflexões necessárias para que o potencial de supremacia da seleção brasileira seja confirmado não só como foi no Mundial, mas também, no Panamericano que acontecerá em outubro, nos Jogos Olímpicos de Londres no ano que vem e a fim de que em cada competição que as categorias inferiores estejam envolvidas, comecem a ser observados os jogadores que, futuramente, poderão integrar a equipe principal (como já aconteceu com Danilo).

Individualmente, a seleção brasileira contou com peças-chave em diferentes jogos, tanto em ações defensivas como em ofensivas. O goleiro Gabriel falhou (e não foi sozinho) em um único lance frente à equipe portuguesa. Nos demais jogos, mostrou-se muito eficaz na ação de proteção do alvo e praticamente imbatível no 1×1. Bruno Uvini foi muito seguro na manutenção do posicionamento zonal, nas coberturas defensivas e combates, além de ter sido a grande referência de liderança da equipe. Casemiro, de volante pelo lado direito, zagueiro da sobra ou central, poupou diversas substituições de Ney Franco para posições mais defensivas de modo que Dudu e Negueba pudessem entrar em todos os jogos.

Oscar, desta vez utilizado em setores do campo em que melhor pensa o jogo (se você ler o artigo sobre o Modelo de Jogo da seleção brasileira no sul-americano sub-20, poderá observar que algumas regras de ação de Oscar eram de atacante, o que lhe custou a titularidade), fechava muito bem linhas de passe, posicionava-se rapidamente atrás da linha da bola na ação defensiva e tinha a componente tomada de decisão-ação para o passe acima da média. Um belo organizador.

Henrique, com finalizações de média distância, linhas de passe abertas na zona de risco ou ataque à bola, mostrou recursos ofensivos suficientes para a premiação de bola de ouro do Mundial. Defensivamente, pressionou alto, retardou, recompôs e nas transições atacou a bola como poucos no Brasil geralmente fazem.

Dudu e Negueba precisam evoluir tática, defensiva e coletivamente, porém, com a bola nos pés, a imprevisibilidade da ação ofensiva deles aumenta exponencialmente. Desconcertam, driblam, fintam, cruzam e, o primeiro, ainda faz gols.

Coletivamente, a plataforma de jogo mais utilizada foi a 1-4-3-1-2 que, no segundo tempo, variava preferencialmente para a 1-4-3-3. A 1-3-4-3 contra a Espanha e 1-3-5-2 contra o México, também foram observadas. As variações estruturais do sistema aconteciam visando um melhor aproveitamento das características de Dudu e Negueba que têm melhores desempenhos pelas faixas laterais. Para utilizar três zagueiros, a solução encontrada por Ney Franco era recuar Casemiro entre Juan e Bruno Uvini.

Resumidamente, na fase defensiva, a organização zonal era mais bem executada na plataforma que a equipe utilizava no primeiro tempo. Com bom equilíbrio defensivo, boa compactação, retardamento e flutuação, a superioridade numérica e a cobertura defensiva eram constantes. Na transição ofensiva, a ação vertical era a mais procurada. Na fase ofensiva, as ultrapassagens dos laterais eram constantes; com dois atacantes, um recuava entre linhas adversárias para procurar tabelas, pivô e finalizações; Philippe Coutinho buscava diagonais para as faixas laterais e Oscar procurava a melhor linha de passe. Já com três atacantes, a amplitude gerada tendia a abrir a linha defensiva dos adversários e a bola nas faixas implicava em jogada individual para cruzamentos. Nas transições defensivas, ocorria principalmente a tentativa de recuperação imediata da posse com devida recomposição dos demais jogadores.

As breves linhas apresentadas até aqui indicam muitos comportamentos que foram eficazes ao longo do Mundial, no entanto, algumas ações individuais e coletivas necessitarão aperfeiçoamentos para evolução do jogar da seleção brasileira. Como, por exemplo, as reposições de bola do goleiro Gabriel que, por muitas vezes, resultaram em perda da posse e que remetem a um comportamento coletivo que não está bem internalizado.

As falhas de posicionamento da dupla William e Henrique, nas quais o primeiro apresentava dificuldade de movimentação entre linhas quando Henrique buscava profundidade na zona de risco. A maior circulação da posse no campo ofensivo para desorganizar as organizações defensivas adversárias e a amplitude de Danilo que diminuía o campo efetivo de jogo em setores muito distantes do alvo. Sobre as transições defensivas, executá-las em maior velocidade poderá dificultar as transições ofensivas de seleções de qualidade.

Em relação à organização defensiva, um melhor equilíbrio quando em três zagueiros, um melhor posicionamento de Juan, que tende a esquecer de proteger o alvo, sai para combates desnecessários nas faixas laterais e expõe significativamente seu setor, além de maior participação de Philippe Coutinho fechando as linhas de passe e limitando o tempo de ação dos jogadores próximos ao seu setor. Uma observação sobre Casemiro: resolveu o problema da seleção sub-20 como zagueiro, mas dificilmente exercerá esta função na seleção principal. Para finalizar, nas transições ofensivas, melhorar o passe vertical, especialmente de Fernando e Juan.

Gostaria de postar vídeos, como geralmente faço, para identificar os comportamentos da seleção brasileira, acertos e erros acima descritos, porém, nesta semana, o tempo que tenho para produzir a coluna ficou ainda mais reduzido devido a uma viagem a Porto Alegre para participar do II Seminário de Futebol – Construindo os alicerces da formação nas categorias de base. Esta semana, o tempo que levo para editar os vídeos será dedicado para o meu aperfeiçoamento profissional.

Aguardem que compartilharei o conhecimento. Abraços e até a próxima semana!

Para interagir com o autor: eduardo@universidadedofutebol.com.br

Compartilhe

Share on facebook
Share on twitter
Share on linkedin
Share on whatsapp
Share on email
Share on pinterest

Deixe o seu comentário

Deixe uma resposta

Mais conteúdo valioso