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O corpo humano é controlado pelo sistema nervoso que é divido anatomicamente em sistema nervoso central e periférico e funcionalmente é dividido em sensorial, somático ou autonômico. O sistema sensorial capta as informações, o somático é responsável por nossas ações voluntárias e o autonômico regula nossas funções sem nossa consciência.

À medida que os estímulos (internos ou internos) interagem entre si, o organismo se ajusta frente a cada situação para garantir a sobrevivência.

A elevação da frequência cardíaca e da respiração durante a prática de exercício físico são exemplos dessas respostas assim como a produção de hormônios, a sudorese, o sono, etc.

No treinamento esportivo, uma das formas de controlar a carga ocorre pela monitoração da frequência cardíaca em conjunto com escalas de percepções subjetivas de esforço. Em modalidades intermitentes como o futebol, apesar de algumas limitações, essas ferramentas têm sido utilizadas com frequência e auxiliam bastante na preparação dos atletas.

Pelo fato de o sistema nervoso autônomo se estressar frente a estímulos físicos e mentais, além da condição física, também é possível verificar o nível de estresse que cada jogador se encontra.

Mas como saber o momento de dar descanso ou um novo estímulo para cada atleta?

Recentemente, a monitoração do controle autonômico surgiu como alternativa para verificar se o atleta está recuperado e pode receber uma nova carga de estímulo ou se ele ainda necessita de um período de descanso maior.

Com um eletrocardiograma ou um frequencímetro que permita o registro do intervalo de tempo entre cada batimento cardíaco, existe a possibilidade de se realizar alguns cálculos que expressam a variabilidade da frequência cardíaca e consequentemente verificar a modulação autonômica de cada sujeito.

No geral, se a condição de estresse é alta, espera-se maior participação da atividade simpática. Se a condição de estresse é baixa, então a modulação da atividade parassimpática é quem deverá predominar

De forma bem simplista é como se nosso corpo funcionasse sobre uma gangorra. Num dos lados da gangorra temos o sistema nervoso parassimpático (ativado em condição de calmaria) e do outro o simpático (ativado em condição de estresse).

Em condições normais esses dois sistemas deixam a gangorra em equilíbrio e no caso de um sistema pesar mais do que o outro esse desequilíbrio pode significar problemas.
Imagine, por exemplo, um atleta que se estressa em uma condição de treino e se recupera bem rápido e outro que se estressa igualmente, porém demora muito tempo para se recuperar. Nesse caso, se a mesma carga de treino for ministrada para ambos, obviamente que eles terão respostas diferentes ao ponto de um poder melhorar muito sua condição, enquanto o outro poderá até correr riscos de saúde ou de lesão.

Para que isso não ocorra, a monitoração do controle autonômico cardiovascular pode servir como parâmetro de controle de carga interna e consequentemente evitar que os atletas entrem, por exemplo, em supertreinamento.

Apesar da complexidade do assunto, espero que sua gangorra esteja perfeitamente equilibrada já que esse também é um bom indicativo de saúde cardiovascular.

Até a próxima!

Para interagir com o autor: cavinato@universidadedofutebol.com.br

Para saber mais:

Bricout VA, Dechenaud S, Favre-Juvin A. Analyses of heart rate variability in young soccer players: the effects of sport activity. Auton Neurosci. 2010 Apr 19;154(1-2):112-6.

Buchheit M, Mendez-Villanueva A, Quod MJ, Poulos N, Bourdon P. Determinants of the variability of heart rate measures during a competitive period in young soccer players. Eur J Appl Physiol. 2010 Jul;109(5):869-78.

Yu S, Katoh T, Makino H, Mimuno S, Sato S. Age and heart rate variability after soccer games. Res Sports Med. 2010 Oct;18(4):263-9.

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