Olá a todos!
Definitivamente, a bola (a vida e o tempo) não para! Menos de um mês após o péssimo desempenho do Santos na final do Mundial de Clubes no Japão, as calorosas manifestações a respeito do ocorrido, além das possíveis soluções para que daqui a um ano a história seja diferente, já se esfriaram.
Neste período, novos gols e notícias contribuem para o esquecimento do dia em que o futebol brasileiro “não viu a cor da bola”.
Como membro integrante deste futebol brasileiro, porém, sem sofrer da mazela do esquecimento, minha breve pausa para as comemorações de fim de ano já deu espaço para novos estudos. Afinal, para um dia chegar “lá” (sim, na final do Mundial de Clubes), não vejo outra solução que não seja a de debruçar numa busca diária por conhecimento e autoconhecimento (competências bem diferentes) no que se refere à capacitação teórica-prática para intervenção na modalidade.
Antes de me aprofundar no tema semanal, abro espaço para um comentário em relação à publicação da semana anterior, em que recebi alguns e-mails mencionando a alta complexidade da atividade em questão e sobre a dificuldade de aplicá-las em atletas em formação. A resposta individual aos leitores já foi devidamente realizada, no entanto, resolvi mencionar também neste espaço por julgar como um questionamento feito por outros leitores.
De fato, a atividade apresenta um excessivo número de regras e complexidade para ser aplicada de uma única vez em atletas sem experiência prévia. Mas, para atletas com histórico em treinamento por meio de jogos, que tenham referências coletivas comuns, facilidade para a compreensão da lógica do jogo elaborado e numa equipe em que este jogo seja um facilitador para o aperfeiçoamento do momento ofensivo (previamente estabelecido e conhecido pelos jogadores), jogar este jogo é perfeitamente possível.
Se vocês se lembrarem, quando redigi o Jogo 1, mencionei a importância de quaisquer atividades que viessem a ser publicadas serem desenvolvidas respeitando um importante princípio metodológico da Periodização Tática: a progressão complexa. Portanto, para criar uma atividade mais ou menos complexa, conheça o nível da sua equipe!
Aproveito também para responder as inquietações de outros leitores: não sigo ou copio livros de jogos e/ou atividades prontas. Recorro a elas eventualmente para que me surjam ideias e me apoio firmemente nas leituras de Frade, Bayer, Garganta, Leitão, Scaglia, Gomes, Greco, Weineck, Bompa (sim, também leio sobre treinamento físico) e nos membros da Comissão Técnica com quem trabalho para elaborar os treinos.
Escolhi publicar um jogo “difícil” para mostrar ao leitor um mundo de possibilidades. E neste mundo de possibilidades, não se esqueça de desenvolver os jogos que façam sentido ao seu Modelo e a Lógica do Jogo de Futebol.
Lógica que, para cumpri-la, fazer gols será indispensável. E para auxiliá-lo nesta tarefa, apresento uma tabela de relação entre os meios táticos ofensivos e os princípios operacionais ofensivos:
Se o objetivo da fase defensiva é a recuperação da posse de bola, o objetivo da organização ofensiva a todo o momento deve ser o de fazer o gol. E da mesma forma que para recuperar a posse, muitas vezes, a melhor forma de fazê-la é orientar funcionalmente a equipe (lembre-se que ela é uma unidade complexa) para outro comportamento, na ação ofensiva, para desfazer-se dela, ou seja, finalizar, orientações hierárquicas anteriores deverão ocorrer.
Amplitude não faz gol! Entretanto, Dani Alves e Tiago Alcântara abriram caminhos no meio-campo santista ao “prenderem” Danilo e Léo nas faixas laterais do campo.
Mobilidade e Desmarcação podem ser trabalhadas num tradicional jogo de “Passa 10” e que fará simplesmente sua equipe “andar em círculo”. A Mobilidade e Desmarcação (as mesmas do “Passa 10”, mas diferentes) do trio Xavi, Iniesta e Fábregas permitiam a aproximação do alvo na confusa marcação santista através da manutenção da posse.
Demais relações podem ser estabelecidas para todos os outros meios táticos. Como podem perceber, não sofro da mazela do esquecimento.
Se um dia chegaremos “lá”? A vida e o tempo dirão! Enquanto isso, façamos o que nos cabe…
Para interagir com o autor: eduardo@universidadedofutebol.com.br
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A relação entre os princípios operacionais e os meios táticos