Semana passada foi anunciada uma troca no Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação. O grande chamariz foi a saída de uma figura extremamente politica e sem relação nenhuma com a pasta para a entrada de um nome de respeito no setor, Marco Antônio Raupp.
O amigo deve estar se perguntando o que esse assunto está fazendo neste espaço. Mas, calma, vamos elucidar.
Muitas vezes falamos da necessidade de os clubes investirem em tecnologia de diferentes níveis e usabilidades para melhorar seus processos de gestão, processos de treino e planejamento, acompanhar desempenho, etc.
Em algumas palestras e através de algumas mensagens recebidas de amigos que acompanham a coluna, surgem questionamentos sobre a situação econômica dos clubes e o quanto de “saúde financeira” eles teriam para investir em tecnologia.
Um ponto que deve ser debatido previamente é que, ainda que financeiramente apresentem dificuldades, o que vemos é uma desvalorização do assunto por parte dos “profissionais” responsáveis pelas decisões. Seja pela incompetência, seja pelo receio de lidar com inovações, ou ainda pela incompreensão dos reais benefícios dos recursos tecnológicos, ora confundindo tecnologia com solução perfeita, ora considerando-a como gasto e não investimento em infraestrutura.
Assim, a ideia da coluna de hoje ao iniciar com a noticia da troca de ministros é justamente despertar a importância que deverá ser dada a essa temática.
Sabemos que no futebol os departamentos e vice-presidências se dividem e ganham ramificações cada vez maiores. Na última segunda-feira, mesmo, foi mencionada a diretoria de assuntos internacionais do Corinthians e a necessidade de fazê-la funcionar. Então, por que não vemos uma diretoria de tecnologia nos clubes?
O amigo pode questionar que alguns clubes apresentam hoje um “Data Center”, funcionários voltados à informatização (lembrando que informática não resume nem encerra todas as possibilidades tecnológicas). Porém, o que discutimos é que falta a figura de um departamento, ou alguém com poder de decisão e influência política, para dentre tantos outros assuntos estabelecer relações com o Ministério de Tecnologia, acompanhar editais de financiamento ou apoio a investimento em soluções tecnológica que surgem do governo e mesmo de outras instâncias, que elabore projetos de captação de recursos para o desenvolvimento de aparatos os quais supram e aprimorem as condições do clube.
Esse departamento tem de ser específico; não pode ser só técnico e operacional, tem e deve ser processual, criativo, planejado, articulado. Pois assim os recursos investidos em tecnologia teriam argumentos e análise mais aprofundada, e não veríamos comparações entre a capacidade de um computador fazer um gol com a de um atleta em vistas de ser contratado – e quando colocado na balança o dinheiro acaba indo para a contratação.
O investimento em tecnologia não deve concorrer com o investimento de contratações e administração do plantel. Ele faz parte dos recursos investidos pelo clube no aperfeiçoamento do desempenho de sua equipe e de sua gestão.
Assim, teríamos um departamento que estabelece relações, acompanha projetos de investimento público, consegue criar e desenvolver soluções captando mais recursos oriundos de um setor pareado com suas perspectivas.
Reforçamos que não adianta pedir ao marketing recursos para investir num equipamento, tão pouco para o departamento de futebol avaliar as qualidades de jogo de um recurso tecnológico. É preciso pensar em infraestrutura e, sobretudo, com mentalidade de inovação tecnológica.
Para interagir com o autor: fantato@universidadedofutebol.com.br