La rauxa

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A Catalunha, comunidade autônoma situada na Espanha, tem, em seu povo, gente com identidade cultural bastante peculiar e orgulhosa de suas tradições.

Dela, o mundo viu surgir grandes ícones das artes, cujo encantamento se fez espalhar pelo mundo e perpetuar o traço distintivo dos catalães.

Salvador Dalí, pai do surrealismo, cujas obras e estilo de vida, aliados aos seus clássicos bigodes, denunciavam o potencial criador das veias catalãs – o quadro A persistência da memória (com relógios que parecem fundidos) está entre as principais. Não só nos quadros, mas no cinema também, com a dobradinha com Luis Buñuel.

Antoni Gaudí, famoso arquiteto que espalhou suas obras por toda a cidade, com linhas absolutamente vanguardistas e inovadoras. Em particular, a Catedral da Sagrada Família, Parc Guell, Casa Batlò e Casa Milà.

Joan Miró, também pintor surrealista catalão, tem em suas obras mais famosas Números e constelações em amor com uma mulher.

Já no século XXI, o FC Barcelona, de Josep Guardiola, desponta como mais uma contribuição artística e cultural de vanguarda, da Catalunha para o mundo. O futebol jogado pela equipe, nesses anos recentes, será o paradigma para as futuras gerações.

Inclusive, no futuro, o valor desta “obra” será ainda maior e mais notável. O tempo tratará disso.

Toda essa efervescência dos catalães vem do resultado do embate entre os dois principais aspectos do caráter do povo: el seny e la rauxa.

Diz-se que todo catalão possui ambas em seu espírito.

El seny, expressão que vem do latim sensus, significa o sentido, o lado que se preocupa com a política, o dinheiro, o trabalho, a justa percepção, apreciação, compreensão e atuação. Ainda, a sensatez, a cordialidade, o tino, o tato, a serenidade, a cautela, a discrição, a maturidade, a formalidade.

La rauxa, em contraponto, evoca o lado de fúria, explosivo, criativo, arrebatador, impetuoso, impensado, irracional, sensível, emocional, entusiasmado, impulsivo, apaixonado.

Esta manifestação de princípios contraditórios na mesma pessoa é absoluta e naturalmente humano – levar ambos unidos no mesmo ser.

La rauxa sem il seny pode provocar impulsividade irrefletida. Também, il seny sem la rauxa resta falso, desvirtuado, sem força.

O futebol brasileiro, que nesse momento, parece um amante desiludo em busca do seu grande amor, necessita que la rauxa aflore e provoque na sua alma a reação necessária para voltar a figurar na vanguarda do cenário mundial.

Como, nas palavras do inspirado e inspirador Dalí, como se estivesse dialogando com sua musa e esposa, Gala: “Você tem que criar a confusão sistematicamente, isso liberta a criatividade. Tudo o que é contraditório cria vida”.

O momento é favorável para ajustes gerais na gestão do futebol do país.

O Brasil, aos olhos do mundo, é a bola da vez.

Mas no futebol, ainda não. Ou, não mais.

Para interagir com o autor: barp@universidadedofutebol.com.br
 

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