Custo das arenas para a Copa do Mundo de 2014

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Ultimamente tenho visto muita gente comparando os custos dos estádios da Copa do Mundo 2014. No entanto, vejo que isto está sendo feito de um ponto de vista não muito coerente e com o intuito errado. A grande e imensa maioria olha para os valores comparando de forma a criticar um ou outro, de acordo com seus interesses, seja por provocação a times, como crítica a cidades e políticos.

Acredito que deveriam ser olhados um por um para ver se o valor está de acordo com o que cada projeto e local propõe, buscando, aí, uma transparência dos investimentos públicos.

O Brasil tem grandes diferenças sociais e de investimento e a Copa do Mundo abrange as cinco regiões do país: Norte, Nordeste, Centro-Oeste, Sudeste e Sul. Cada local tem custos de construção extremamente variáveis, tanto em relação aos materiais básicos de construção (ferragens, concreto, etc.), como no custo da mão-de-obra. Construir em São Paulo e Rio de Janeiro, por exemplo, é bem mais caro que fora dessas capitais. Não justifico aqui os gastos altíssimos desses estádios, mas quero mostrar que devem ser tratados individualmente em suas análises de custo.

São muitos fatores que influenciam nestes orçamentos apresentados e citarei aqui alguns deles. Qualquer profissional considera o prazo de elaboração de projeto ou prestação de serviços alterando, assim, seus honorários; portanto, é óbvio que a Arena Corinthians, feita sob urgência extrema, terá um preço que seria bem mais barato se a cidade tivesse se preparado adequadamente conforme os prazos da Fifa, apresentando ainda na fase da escolha das cidades-sede o seu estádio oficial, do Corinthians, com o projeto semi encaminhado.

Por outro lado, estádios que estavam encaminhados provavelmente sofrerão mudanças de custos devido ao atraso nas obras, como Natal, Pernambuco (que, na verdade, é São Lourenço da Mata) e Porto Alegre. Ou seja, cronograma influenciou e pode ainda influenciar no custo das obras.

Há multas contratuais diárias para atrasos em obras, principalmente de grande porte. Nisso, entram: aluguéis de máquinas e equipamentos, perdas de materiais, atrasos em entregas, gastos com mão-de-obra a mais e com turnos noturnos (mais caros), entre outros gastos.

O projeto também interfere muito, tanto pelo tratamento e acabamento trabalhados pelo arquiteto, quanto pelo conceito já definido a princípio (sustentabilidade e atividades muito bem definidas antes mesmo de começar o projeto). Um estádio com estruturas temporárias, de certo, terá custo diferente de estádios com estrutura permanente/definitiva, ou seja, construção de fato.

Não dá para comparar somente a capacidade dos estádios. Movimentações de terra (terraplanagem e sondagem), materiais de acabamento, soluções de iluminação, ventilação artificiais ou naturais, estrutura e tecnologia podem tornar mais baratas ou mais caras as construções a princípio, mas podem mudar muito e são fundamentais para a gestão futura destes equipamentos, diminuindo seus custos futuros com manutenção de materiais e reduções mensais dos gastos fixos dos estádios, como água, luz, e controles de temperatura, por exemplo.

Algumas destas soluções mais bem pensadas requerem mão-de-obra extremamente especializada, fornecidas pelos próprios fabricantes, o que implica em maiores gastos iniciais, mas obrigatórios para uma execução adequada e que podem poupar em gastos desnecessários futuros.

Deve ser levada em conta a situação do estádio antes das obras, sendo que pode ser uma reforma ou a construção total ou parcial do equipamento. Temos exemplos em todos estes casos, somando mais um motivo para dificultar a comparação. O estádio da Fonte Nova e a Arena de Manaus são exemplos de reforma, com implosão de partes extremamente atrasadas e deterioradas, respectivamente, entrando no valor total não só o custo de construção, mas de implosão e retirada de materiais.

Já como reforma de um estádio de qualidade relativamente boa e atualizada, entra a Arena da Baixada, no Paraná, onde os gastos estão relacionados somente a reformas e adequações podendo somar ainda, tecnologia de ponta. A Arena do Corinthians, por exemplo, entra como uma construção total (mesmo com o terreno e fundação brevemente iniciadas com projeto anterior), obrigando ter custos mais altos que os de reforma. Já o caso do Maracanã, o que pode elevar bastante o custo é o seu porte, aí sim, pois ser significativamente maior.

Há, sem dúvida, exploração dos contratados visando um ganho maior com a necessidade e única opção no fornecimento de materiais ou serviços, ficando mais caro dependendo do que consta no projeto de cada estádio. A necessidade ou não de transporte de matéria-prima pode colaborar com o custo final da construção, assim como gastos com restauro e obras nas imediações, coisa que muitas cidades não se propõe a fazer.

Neste momento deve entrar a fiscalização para que os estádios possam conquistar o selo de construção verde, controlando o descarte e obtenção de resíduos e materiais.

É incabível, portanto, comparar os estádios – são muitos quesitos a serem considerados, e mencionei somente alguns que me vieram em mente. A população deveria parar de querer comparar os gastos, mas questionar se cada um deles é pertinente e cobrar que as licitações não influenciem nos custos altos, que os gastos sejam postos à consulta pública e que a fiscalização seja feita evitando a corrupção.

De qualquer forma, abaixo estão os custos* de cada arena que será sede da Copa do Mundo 2014:

Mineirão – Custo: R$ 666,3 milhões (estádio: R$ 438,2 mi / esplanada: R$ 228,1 mi)*

Mané Garrincha – Custo: R$ 920 milhões

Arena pantanal – Custo: R$ 456,7 milhões

Arena da baixada – Custo: R$ 183 milhões

Castelão – Custo: R$ 474,8 milhões

Arena da Amazônia – Custo: R$ 499,5 milhões

Estádio das Dunas – Custo: R$ 400 milhões

Beira-Rio – Custo: R$ 330 milhões

Arena Pernambuco – Custo: R$ 465 milhões

Maracanã – Custo: R$ 883,5 milhões

Fonte Nova – Custo: R$ 591 milhões (R$ 786 milhões, incluindo outras despesas)

Arena Corinthians – Custo: R$ 900 milhões (entre R$ 50 mi e R$ 70 mi para arquibancadas provisórias e R$ 10 mi para remoção de dutos)

*Os custos foram retirados do Portal da Copa 2014.

Para interagir com o autor: lilian@universidadedofutebol.com.br
 

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