Preleção: treino a treino ou apenas no dia do jogo?

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A preleção é algo que está contido no futebol e faz parte do dia de jogo de quase todas as equipes.

Mas o que é a preleção? Para que ela serve? Só a utilizo no dia da partida?

Segundo o dicionário Michaelis, a palavra preleção significa: “Ato de prelecionar; Lição; Discurso ou conferência didática.”

Vamos analisar mais a fundo o significado “conferência didática”.

Segundo o mesmo dicionário, as palavras “conferência” e “didática” significam:

“Conferência – Reunião de pessoas para discutirem um assunto importante.”; “Didática – Arte de ensinar.”

Visto isso, podemos definir que a preleção é uma reunião orientada por uma ou mais pessoas que utilizam-se de recursos pautados na arte de ensinar.

O que isso quer dizer praticamente?

Significa que a preleção é um ambiente de aprendizado e não apenas um momento em que o treinador ou a comissão apresenta as suas respostas para os problemas do jogo.

Não quero dizer aqui que o treinador deve sentar no banco e os jogadores assumirem a discussão, mas sim que o treinador deve orientar o processo e levar os jogadores a refletirem sobre os problemas do jogo em si.

Para levar a discussão à prática, peço licença para reproduzir um trecho do livro “André Villas-Boas: Special Too”, em que o então goleiro da equipe do FC Porto, o brasileiro Hélton, se refere à preleção (chamada de palestra por ele no trecho) do treinador português antes do jogo final entre Porto e Braga na final da Liga Europa:

“(…) a palestra mexeu muito conosco… foi maravilhosa. Espetacular. Fez pensar, refletir. Quando é mais do mesmo, por exemplo, “vamos lá jogar para ganhar”, não tem grande efeito nos jogadores, porque estamos sempre a ouvir isso. Ali foi diferente, ele acrescenta sempre uma novidade, isso é espetacular.”

Veja o quanto de informação importante sobre a forma com que os jogadores veem a palestra temos nesse trecho.

Estamos no caminho certo? Será que nossos jogadores estão satisfeitos com nossas palestras?

Nesse momento específico devemos trazer coisas novas e não fazer mais do mesmo. Para isso podemos utilizar diversos recursos e abordar temas pertinentes ao momento do processo e não ficarmos “patinando” nos mesmos tópicos sempre.

Além disso, não precisamos nos focar apenas no próximo adversário!

Existem muitas coisas que podem e devem ser abordadas nessa conferência didática. Por isso a preleção deve ser vista para muito além de uma simples conversa de vestiário e ser entendida como um processo que se inicia juntamente com o processo de treino. Sendo assim, a preleção deve ser diária e no momento da partida, e o treinador não precisa e não deve tentar mudar o mundo, pois ao longo da semana tudo foi preparado para a equipe ter uma performance adequada àquele momento.

A fim de auxiliar na discussão, utilizo novamente um trecho do livro referido acima. Neste momento, o autor destaca a forma com que o treinador português André Villas-Boas conduz o processo de preleções da equipe.

“Muita gente tem a ideia de que a palestra que se faz antes dos jogos é uma peça fundamental do trabalho de preparação para um jogo. Até pode ser, por circunstâncias diversas, mas a verdade é que para os treinadores modernos vale muito mais o que se vai dizendo aos jogadores ao longo da semana.(…)

(…)Era exatamente isso que André Villas-Boas fazia no FC Porto. Começava a preparar os jogos em pequenas conversas que tinha com os jogadores, abordando pormenores sobre o posicionamento da equipe e dos próprios jogadores, falando dos adversários e da sua motivação, dos ambientes, etc.(…)

(…)A preparação feita nos dias que antecediam um jogo permitiam chegar ao dia do encontro e não ser necessário dizer grandes coisas nas tais palestras.”

Vejam que a preleção faz parte do processo!

Não há segredos.

Ao longo dos dias, das semanas, tudo deve progredir na sua complexidade e os conceitos devem se somar ao longo do tempo.

Nada é isolado e muito menos deve ocorrer a esmo, pois a performance não ocorre por acaso! Ela é fruto do trabalho diário!

Até a próxima!

Para interagir com o colunista: bruno@universidadedofutebol.com.br

Bibliografia

Perreira L.M., Pinho J. André Villas-Boas: Special too. Prime Books. Portugal, 2011
 

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