Na última sexta-feira, um lance polêmico no final do jogo entre Ceará e Criciúma, disputado no Estádio Presidente Vargas, em Fortaleza-CE, válido pela Série B do Campeonato Brasileiro, ensejou uma ampla discussão sobre o tal do “Fair Play”.
O cerne do fato foi que, após o goleiro do Criciúma jogar a bola para a lateral do campo para que um companheiro de equipe fosse atendido pela equipe médica, o Ceará supostamente deveria, pelas regras do “Fair Play”, devolver a posse da mesma para o Criciúma. Os jogadores do Ceará obedeceram a uma ordem de seu treinador, não devolvendo a bola e, por fim, finalizando ao gol, resultando no tento de empate da equipe cearense.
Naturalmente que a atitude gerou revolta por parte de toda a equipe e Comissão Técnica do Criciúma, ensejando um tumulto no final da partida que resultou na expulsão de dois jogadores e do treinador de ambas equipes.
Se olharmos para o lance apenas, de fato, a atitude do Ceará é condenável em face das recomendações amplamente pautadas pelo respeito ao adversário. No entanto, quando vemos o jogo como um todo, percebemos que o time do Criciúma passa praticamente todo o segundo tempo da partida fazendo a famosa “cera”, praticando o famigerado “cai-cai”. Este tipo de atitude também não indica falta de “Fair Play”?
É o típico caso de quem quer se beneficiar da própria torpeza: primeiro, “mata tempo” para prejudicar o adversário e praticar o anti-jogo, típico em situações de equipes que estão na frente do marcador; depois, reclama que a equipe adversária não devolve a bola após uma clara atitude visando ganhar mais tempo para segurar o resultado.
Assim, deixo no ar para que tenhamos uma reflexão mais profunda do que é de fato o “Fair Play”. Não estou defendendo a atitude do Ceará, mas também não a condeno por completo. Sou contra, sim, qualquer ação que deixe o jogo feio e contraproducente – e isso também é falta de ética e de noção sobre o “jogo limpo”.
Para interagir com o autor: geraldo@universidadedofutebol.com.br