Dentro do modelo de jogo, temos várias referências que orientam a ação coletiva dos atletas, e podemos destacar os princípios operacionais, que inclusive já abordei bastante em colunas anteriores. Esses princípios orientam a ação dos atletas nos diferentes momentos do jogo. Sendo assim temos os princípios de ataque, os de defesa e os de transição (defensiva e ofensiva).
Na coluna desta semana, vamos focar nos defensivos.
No momento defensivo, segundo Bayer (1994), temos três princípios operacionais:
– Proteção efetiva da meta defendida
– Impedir progressão da equipe e da bola em direção à meta defendida
– Recuperação da posse de bola
Dentro de uma partida, geralmente as equipes possuem um princípio predominante que rege a ação dos atletas.
Será que é possível uma equipe ter mais de um princípio predominante?
Sendo assim (ou não), vamos nos focar no princípio da “recuperação da posse de bola”, que ultimamente está na moda.
Quando a equipe possui esse princípio como predominante, os atletas buscam constantemente uma ação direta de recuperação da posse de bola. Isso leva a uma tendência de aumento no número de desarmes (informação para análise de jogo).
Vale destacar que esse princípio pode ser realizado a partir de qualquer linha de marcação (1, 2, 3, 4 ou 5, nada garante que uma equipe que está “marcando” na linha 2 está buscando recuperar a posse de bola, etc.) e em qualquer faixa do campo (lateral ou central, existem equipes que impedem progressão na região central do campo e buscam a recuperação da posse de bola nas laterais, etc.)
Pois bem: após a definição do princípio e das resalvas, vamos para o campo.
Para que esse princípio se manifeste como um comportamento da equipe, é preciso…treinar de uma maneira sistematizada e processual!
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Vamos às atividades:
Atividade 1
Descrição
– Atividade de 3 x 1: o objetivo é estimular a pressão sobre o portador da bola mesmo com inferioridade numérica. Neste jogo é trabalhada a ação do desarme em situação de jogo. Cabe ao treinador estimular a pressão constante sobre a bola.
Regras e Pontuação
– A cada 30 minutos, inverte o jogador que está no centro
– Toda vez que o jogador que está no centro recuperar a bola marca um ponto.Vence o jogo quem marcar o maior número de pontos no tempo determinado.
Atividade 2
Descrição
– Atividade de 4 x 4 + 4 coringas, em que o objetivo das equipes é realizar 10 passes. Equipes se enfrentam dentro do espaço delimitado; fora deste espaço, há quatro coringas que auxiliam equipe com posse de bola. Equipe que está sem a posse de bola deve realiza a pressão sobre a bola e pode inclusive roubar a bola dos coringas fora do espaço delimitado. Nesta atividade é trabalhada a recuperação da posse de bola, o desarme, a estruturação do espaço e as interações entre os jogadores na pressão.
Regras e Pontuação
-Equipe pontua quando trocar oito passes.
Atividade 3
Descrição
– Atividade de 6+G x 7, em que o objetivo das equipes é recuperar a bola o mais rápido possível e evitar a pontuação do adversário. Nesta atividade, os atletas são estimulados em um ambiente específico à recuperação da posse de bola de uma forma organizada no campo de ataque.
Regras e Pontuação
Equipe de ataque
– Marca ponto quando passar a linha do meio. Os pontos são determinados pela quantidade de passes realizados antes de ultrapassar a linha do meio. Por exemplo, equipe fez 10 passes consecutivos e ultrapassou a linha do meio, marca 10 pontos.
– Marca 1 ponto quando tirar a bola da região onde ela foi recuperada (veja a transição sendo trabalhada)
Equipe de defesa
– Marca 1 ponto quando recuperar a bola na região onde ela foi perdida.
– Marca 5 pontos quando fizer o gol.
Atividade 4
Descrição
– Atividade de 11 X 11, em que o objetivo das equipes é recuperar a bola o mais rápido possível e fazer o gol. Nesta atividade específica os atletas são estimulados a buscar a recuperação da posse de bola o mais rápido possível.
Regras e Pontuação
– A cada cinco passes, equipe com posse de bola marca 1 ponto.
– Gol vale 5 pontos.
Vejam, são atividades com poucas regras que contemplam muito bem os objetivos propostos.
Ficar gritando para a equipe recuperar a bola deve ser sistematizado no treino; no jogo, deixe os atletas jogarem e oriente no que for preciso.
Até a próxima!
Para interagir com o colunista: bruno@universidadedofutebol.com.br