A que mercado pertencemos? Onde a indústria do futebol está classificada? Com quem o futebol compete? Eis uma antiga discussão, que tem também um pouco a ver com miopia de marketing e a não compreensão sobre o setor em que a organização de fato atua.
Michael Porter, considerado um dos grandes nomes da estratégia organizacional, fala que a definição do trabalho estratégico deve passar pela compreensão e enfrentamento da competição.
Porter fala nas famosas cinco forças que moldam a competição no setor:
– A ameaça de novos entrantes: caracterizado pelas organizações que investem para conquistar participação no mercado. Os clubes pouco sofrem com este fator no curto prazo por conta da longevidade que muitas marcas possuem e por não serem substituíveis tão facilmente quanto outros produtos de consumo.
– O poder dos fornecedores: que transferem custos para os participantes do setor. No futebol, poderíamos exemplificar os agentes de futebol, que negociam contratos e comercialização de jogadores, fazendo pressão sobre as finanças dos clubes.
– O poder dos clientes: podem captar valor ao forçar os preços para baixo ao exigir melhor qualidade ou mais serviços. Para o futebol, temos como clientes os patrocinadores, a mídia e os torcedores, para ficarmos nos exemplos mais simples. A questão é que raras vezes os supracitados são tratados de fato como clientes na acepção da palavra.
– A ameaça de substitutos: desempenham função idêntica ou semelhante à do produto “original”, só que por meios diferentes. Considerando que estamos no mercado do entretenimento, todas as formas de fazê-lo podem ser substitutas ao futebol. Logicamente que marcas como Flamengo, Corinthians, Vasco, Palmeiras, São Paulo, Fluminense etc. são insubstituíveis. Mas na plataforma de consumo, em muitas situações, o são.
– A rivalidade entre os atuais concorrentes: se manifesta sob formas como descontos de preços, lançamentos de novos produtos, campanhas publicitárias e melhorias nos serviços. Um patrocinador poderá escolher um ou outro clube por conta da sua organização, dos craques que as equipes possuem ou por um momento esportivo mais favorável.
Logicamente que seria leviano comparar os Jogos Olímpicos com o ofuscamento do Campeonato Brasileiro em virtude da dimensão dos dois eventos. Mas em histórico recente, muitos jogos de futebol têm perdido em público e audiência para outros esportes ou outras plataformas de entretenimento, como novela, shows, teatro, cinema ou passeio no shopping.
O breve relato serve para refletir sobre como efetivamente definimos nossas estratégias diante do mercado e do cenário macroeconômico e social existente. Entender estes movimentos e perceber as forças de cada aspecto é fundamental para a sobrevivência no médio-longo prazo.
Para interagir com o autor: geraldo@universidadedofutebol.com.br