Ao assistir ao muito bom filme norueguês “Headhunters”, o protagonista chama a atenção para algo que realmente importa na vida e nos negócios: a reputação.
Ao assistir também ao programa Sportv Repórter sobre a organização e estruturação do futebol na China, o tema foi novamente abordado.
Naquele país, muito está se investindo na contratação de jogadores, técnicos, preparadores físicos de outros mercados para construir a credibilidade da Liga Chinesa – abalada por escândalos de corrupção na arbitragem, manipulação de resultados e falta de histórico na formação de talentos e desenvolvimento interno do mercado.
Além disso, havia visto o mesmo programa na TV por assinatura, mas que tratava da longevidade e do sucesso que jogadores como Seedorf, Zé Roberto, Índio, Forlán, D’Alessandro, Paulo Baier, Elano, têm feito no Brasil e como se explica este fenômeno.
Nesse ponto, em especial, comparei com minhas observações atentas, nas andanças pelo interior do estado do Paraná, dos Jogos Escolares Bom de Bola. O arquétipo dos jovens de 12 a 17 anos sobre o que vem a ser um jogador de futebol bem-sucedido e modelo a ser seguido está mais para Neymar do que para Zé Roberto.
A reputação é construída por nós em todos os momentos. Nossas ações e omissões forjam o conjunto de características que, aos olhos da sociedade, definem como somos considerados ao se travarem as relações pessoais e profissionais.
Analisar a reputação das pessoas é um meio eficiente de controle social natural, espontâneo e universal porque, em mercados, instituições, corporações, grupos de pessoas, esta avaliação dinâmica favorece a evolução das relações sociais segundo parâmetros definidos pelos seus próprios atores.
Enquanto os jovens não souberem a diferença entre fama (efêmera) e sucesso (perene e que baliza a reputação), a formação e retenção de talentos em nosso futebol serão deturpadas.
No exemplo do futebol chinês, o volume de investimentos realizados também visa acelerar a construção da reputação positiva do mercado e, com isso, estabelecer um ciclo virtuoso e atrativo como destino de negócios.
O futebol brasileiro necessita, também, fortalecer a reputação para além-campo. Mesmo porque isso já vem sofrendo há alguns anos na já exaustivamente mencionada crise técnica por que passamos.
A configuração em verdadeira liga de futebol seria um grande passo para alçar a gestão dos clubes e das competições a um patamar autossustentável e autorregulado.
O endividado futebol nacional – que, se não tomar cuidado, vai ficar ainda mais – deveria fazer uso da credibilidade conquistada dentro de campo para se estruturar profissionalmente fora dele.
“Crédito é mais importante do que dinheiro”, indica o ditado, que se aplica de verdade nas relações pessoais, profissionais e sociais.
Quem tem crédito costuma gozar de ótima reputação. Que, ao fim e ao cabo, é o que importa na vida.
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