Footecon 2012 e as novas perspectivas para o treinamento técnico-tático

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Aconteceu entre os dias 4 e 5 de Dezembro o IX Fórum Internacional de Futebol idealizado e coordenado pelo atual diretor técnico da seleção brasileira, Carlos Alberto Parreira.

Nos dois dias de evento, temas relevantes foram discutidos com o objetivo de fomentar transformações em nosso futebol. Como exemplos, a excelente palestra sobre a formação do treinador europeu, ministrada por Eduardo Tega, diretor executivo da Universidade do Futebol e Sandro Orlandelli, professor universitário e ex-scouter do Arsenal-ING; ou então, a temática metodologia de treinamento do futebol brasileiro, que teve como palestrantes Ricardo Drubscky, técnico que conquistou o acesso para a série A do Campeonato Brasileiro com o Atlético-PR, Rodrigo Leitão, colunista deste portal e técnico do sub-18 do Corinthians e Vinicius Eutrópio, técnico do América-MG.

Ainda relacionada às questões metodológicas da modalidade, numa plenária de menor dimensão (mas não menos importante), tive a honra de participar como palestrante numa apresentação que tinha como tema as novas perspectivas do treinamento técnico-tático nas categorias de base. Foi um privilégio compor a mesa com dois grandes treinadores das categorias de base do futebol brasileiro: Sérgio Baresi, técnico do sub-20 do São Paulo e Marcelo Veiga, técnico do sub-20 do Fluminense.

Aproveito a coluna semanal para compartilhar o conhecimento exposto na palestra, com o intuito de não torná-lo restrito somente a quem esteve presente no evento.

Segue, abaixo, alguns slides e os conteúdos abordados:

Com as conquistas recentes do Barcelona, o trabalho de formação no futebol ganhou sensível importância. No Brasil, muitas personalidades do futebol têm criticado o trabalho de base, pois é ele um dos responsáveis pelo baixo nível da grande parte dos nossos jogos.

Para comprovar tal afirmação, na sequencia, apresento a opinião de treinadores, imprensa e gestores sobre o trabalho de formação:

Diante disso, ressalto a fala de Mano Menezes pronunciada no Seminário das Categorias de Base, realizado este ano na CBF, que afirma sobre a necessidade de formar jogadores capazes de identificar os problemas do jogo.

E quais são os problemas do jogo no futebol moderno? Ao longo da palestra procurei evidenciar alguns deles.

O primeiro, referente à necessidade de abrir o adversário como uma das alternativas para criar espaços para a eficácia da ação coletiva ofensiva. Abaixo alguns exemplos de como grandes equipes do futebol mundial tentam resolver este problema e, comparativamente, como é feito por algumas equipes do Brasil em lances reais retirados do Campeonato Brasileiro de 2012:

Abaixo, uma ilustração de um jogo no Brasil correspondente a um comportamento muitas vezes observado:

Como segundo problema, a necessidade de formar um bloco ofensivo consistente, que facilite a criação de superioridade numérica e que facilite um comportamento agressivo de transição defensiva para buscar a recuperação da posse. As fotos de Bayern e Manchester United identificam bem a formação do bloco, com todos os jogadores de linha posicionados no campo de ataque:

Já numa equipe brasileira, o bloco ofensivo observado, na maioria das vezes, é semelhante ao do exemplo que segue:

O terceiro problema apresentado relaciona-se as equipes terem que fazer campo pequeno para defender, diminuindo os espaços importantes entre a bola e o alvo e, ao mesmo tempo, manter uma organização que favoreça a transição e organização ofensiva.

Nestas fotos de dois jogos da Champions, observe os exemplos:

Em contra partida, o bloco baixo da primeira linha e o combate desorganizado no portador da bola, espaçam as linhas defensivas da equipe brasileira como mostra a figura:

Outros dois exemplos forma utilizados. Um que identificava a distribuição das peças no campo de jogo, num determinado instante do jogo, de modo a ilustrar a quantidade de jogadores à frente da linha da bola para a construção da ação ofensiva e outro que quantificava o número de ocorrência de pressing na região em que se encontrava a bola para induzir o erro do adversário, logo, recuperar a posse. Obviamente que esses dois comportamentos não são bem realizados no futebol brasileiro.

Após estas constatações, foram mostrados exemplos de treinamentos tradicionais que não favorecem à aquisição de comportamentos coletivos.

Entre eles: treinos de fundamentos técnicos do jogo, treinos de finalização, treinos táticos 11×0 e treinos de jogos reduzidos.

As soluções apresentadas para reverter o cenário atual de formação dos atletas brasileiros todos que acompanham o site da Universidade do Futebol já conhecem. São jogos e mais jogos que contribuam para o desenvolvimento da inteligência coletiva de jogo. Para isso, jogos de futebol com manipulação das regras devem nortear o microciclo de treinamento.

Quaisquer das seis atividades que já publiquei no banco de jogos das minhas colunas servem como exemplo. Algumas das justificativas estão apontadas na seguinte imagem:

Para confirmar os resultados desta forma de trabalho, cases de sucesso foram apresentados para minimizarem as críticas e dúvidas desta maneira (que de acordo com as datas dos contributos teóricos não podemos chamar de nova) de conceber o treinamento em futebol.

Um tema polêmico e que seguramente será bastante criticado. Porém, com o apoio de profissionais do futebol e estudantes que buscam espaço e querem transformações no trabalho de campo, a sensação é de que estamos fortes para combater qualquer que seja a crítica.

Que cada vez mais discussões como esta ganhem espaço e também os campos do nosso imenso país. Sem d&
uacute;vida é uma das soluções para o nosso futebol!
 

Para interagir com o autor: eduardo@universidadedofutebol.com.br

 

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