O escritor José Roberto Torero disse certa vez que tem um caderninho especial para projeções de fim de ano. A cada dia 31 de dezembro ele enumera três metas para a temporada seguinte. Além disso, avalia o quanto cumpriu dos objetivos estabelecidos um ano antes. Ele criou até um sistema de pontuação para esses feitos.
Sim, nós já passamos o dia 31 de dezembro. Você já deve ter pulado ondas, feito pedidos e estabelecido metas para o ano que se inicia. No entanto, não existe melhor jeito de começar uma boa caminhada do que avaliar o passado.
É por isso que o que eu espero do esporte em 2013 é uma comunicação mais honesta e mais clara. Que as pessoas que trabalham nesse segmento usem menos subterfúgios e mintam menos. Quando não puderem dizer, é melhor que simplesmente não digam.
Também quero que o esporte aprenda em 2013 a força que a mídia tem. Só assim os atletas vão parar de achar que patrocínios são assistenciais. Só assim os times vão começar a tratar consumidores e finanças com a responsabilidade necessária.
Gostaria que o ano que se inicia tornasse ainda mais populares no esporte as redes sociais. Não como ferramentas de uso cotidiano, mas como plataformas para uma comunicação adequada. Todo mundo já percebeu a força que essas mídias possuem. Basta apenas acrescentar frequência ao uso estratégico delas.
Para isso, é fundamental que os usuários das redes sociais mudem um pouco o comportamento. Atletas têm de entender que são figuras públicas e que não podem usufruir dessas mídias como as outras pessoas fazem. É fundamental que tudo o que uma personalidade publica seja adequado à linha de comunicação que ela adota.
O ano que se inicia nesta terça-feira será o ano do primeiro evento de grande porte do recheado calendário do Brasil. O país sediará a Copa das Confederações, evento que serve como uma espécie de teste para a Copa do Mundo.
Espero que a Copa das Confederações consolide uma mudança de paradigma iniciada com a abertura de novos estádios. O consumidor de esporte no Brasil não pode ser tratado do mesmo jeito. Há risco de o investimento dele migrar para outras áreas.
Se o esporte entender que o tratamento dado ao cliente é parte da comunicação, usar de forma mais consistente as redes sociais e adotar uma linha mais honesta, 2013 tem tudo para ser um ano histórico para o Brasil.
Aí é que aparece a minha primeira dúvida de ano novo: estamos preparados para a nova realidade do esporte brasileiro? Temos condições de aproveitar bem as ferramentas e possibilidades que essa nova realidade oferece?
Institucionalmente falando, minha resposta ainda é não. O esporte brasileiro, como entidade geral, não tem estrutura para aproveitar as ferramentas de comunicação e o alcance que o segmento tem.
Portanto, de forma menos otimista, o que eu acredito que acontecerá em 2013 é que teremos mais ferramentas e que o ambiente vai se desenvolver. Contudo, nossa estrutura ainda não estará pronta para acompanhar isso.
Dou um exemplo concreto: há anos as TVs desenvolvem recursos e estruturas para aprimorar a transmissão de eventos esportivos. E até hoje, nunca houve a mesma evolução para linguagem ou conteúdo.
Times ganham mais, atletas ganham mais e o segmento movimenta cifras cada vez mais volumosas. Basta saber se existirá uma comunicação capaz de criar um movimento consistente, que não passe na primeira crise econômica e que não vá embora junto com os megaeventos.
A chave para isso é a profissionalização. Aliás, é a evolução da profissionalização. Só com pessoas mais capacitadas é que o esporte vai realmente aprender a se comunicar melhor. Só assim é que vai usar de forma adequada os novos milhões que virão.
Meu maior desejo para 2013 é ver isso acontecer. O que eu mais quero neste ano é que o Brasil forme pessoas melhores. Ah, e que o mercado esportivo absorva essas pessoas. Nós precisamos disso.
No dia 31 de dezembro de 2013, quando eu olhar para trás e pensar sobre o que aconteceu no esporte brasileiro, meu maior desejo é ver que temos profissionais melhores.
E por falar em profissionais melhores, desejo um ano novo excelente para todos que de alguma forma participam da Universidade do Futebol. Para mudar o esporte, é fundamental termos pessoas que pensam de forma diferente.
Para interagir com o autor: guilherme.costa@universidadedofutebol.com.br