Renunciar

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Renunciar é o ato de abrir mão de algo ou de alguém. Renegar, rejeitar, recusar, desistir.

A mais recente e célebre renúncia é a do Papa Bento XVI, por inesperada que foi. Quando uma decisão como esta ocorre repentinamente, as razões pelas quais se chegou a ela costumam causar curiosidade e perplexidade.

Os motivos podem ser de ordem pessoal, íntima, ou provocados, objetivamente, por determinadas situações em que a alma inquieta ou pressionada precisa decidir-se por qual caminho prosseguir.

Bento XVI – ou Joseph Ratzinger? – deve ter iniciado o processo interno de decisão há alguns meses. Ao mesmo tempo, já imaginou as consequências que isso provocaria na Igreja Católica.

E, de tudo o que li e do pouco que se sabe até agora, antes que se escolha o novo Papa e a calmaria volte à Santa Sé, achei muito pertinente a abordagem que afirma que Bento XVI estaria renunciando para salvar a Igreja.

Sim, salvar a Igreja. Cortando na própria carne – renunciando – o Papa daria uma prova contundente de que algo não vai como o planejado por ele, bem como serviria de reflexão e convocação para que muitos de seus pares, sob suspeita de envolvimento em escândalos de desvio de dinheiro, pedofilia e intrigas de poder também renunciassem.

Com isso, o caminho para uma verdadeira expiação dos pecados da própria Igreja estaria pavimentado e ele, o Papa, seria o bode a expiá-los.

Não sem, antes, conduzir a transição do seu papado, nos bastidores do Vaticano, segundo sua visão de como deve ser administrado quando de sua saída.

As instituições que não estiverem preocupadas em evoluir, constantemente, podem se ver soterradas pela hierarquia e conjuntos de princípios, regras e procedimentos burocráticos que apenas favorecerão àquelas pessoas que almejam o poder. E que, no mais das vezes, quando ali chegam tem com propósito permanecer.

O conservadorismo extremo da Igreja serviu para acobertar séculos de desmandos e escândalos, sob um pretenso purismo de intenções, não necessariamente de ações. Assim, quando os rejeitos vêm à tona, vem com a força do peso daquilo que havia submergido.

O futebol brasileiro bem que carece de algumas renúncias. Mas elas não ocorrem facilmente, embora existam grandes e graves indicadores para que alguns mandatários as fizessem.

Tem gente que rouba medalha, faz "gato" de energia elétrica, aumenta salários indiscriminadamente. Outros desviam dinheiro privado, público, superfaturam serviços contratados dos seus amigos.

Gente que vai ao estádio com o propósito de delinquir, de extravasar a violência latente. Alguns que promovem negociatas envolvidas em transferências de jogadores.

Se o povo brasileiro renunciar a esse futebol carregado de vícios, a história tem chance de mudar. Senão, muita coisa ainda vai pro fundo, pra ficar escondida e não incomodar.

Até que um dia volta, e volta com força pra escancarar e cobrar a conta do passado.

Para interagir com o autor: barp@universidadedofutebol.com.br

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