Hoje, quero refletir com você amigo leitor sobre o que realmente podemos levar em consideração após uma conquista, que não seja apenas comemorar e parabenizar a todos após mais uma conquista.
Se quando perdemos, a sensação de fracasso tende a impactar diretamente em nossa autoestima, quando vencemos também flertamos com os perigos que a euforia nos coloca à prova. São inúmeras armadilhas da soberba e do orgulho que podem nos fazer mergulhar em nossa própria vaidade humana e criar uma falsa percepção de alta performance.
Todas as nossas experiências são merecedoras de análise em busca de lições aprendidas que possam ser utilizadas futuramente em novos projetos ou novos ciclos de competições.
Pensando na seleção brasileira de futebol, podemos compreender que este momento logo após a conquista da Copa das Confederações deve ser dedicado a elaboração desta lista de lições aprendidas, que possibilitará uma reflexão valiosa sobre o que deu certo e pode ser mantido, quanto ao que não foi tão bem e que deve ser repensado ou ajustado.
Mas, na posse de uma importante relação de lições aprendidas como se pode aproveitá-las da melhor forma em busca da melhoria e da alta performance?!
Um coach capacitado pode promover uma contribuição valiosa neste momento, aplicando o conceito de um dos modelos de coaching mais conhecidos e desenvolvido por John Whitmore, intitulado GROW (Goals-Reality-Options-Will/Wrap-Up). Podemos compreender este modelo facilmente através da metáfora de uma viagem, na qual o Coach pretende conduzir o coachee (cliente) numa viagem em direção a sua grande meta.
Na prática da aplicação deste modelo numa equipe esportiva, o Coach conduz o processo pelos passos do GROW, conforme descrição abaixo.
GOAL (META) – Momento para acordar o objetivo, ou seja, aonde se pretende chegar. Aqui vale lembrar que uma boa formulação de objetivo deve ter como princípio ser SMART. Este acrônimo é a designação dos fatores considerados mais importantes no estabelecimento de objetivos de qualidade e corresponde a Specific (Específica), Mensurable (Mensurável), Attainable (Alcançável), Relevant (Relevante) e Time-Based (Temporal).
REALITY (REALIDADE) – Nesta etapa se define o estado atual em relação ao ponto que se deseja alcançar. É necessário avaliar as principais barreiras para o alcance das metas e verificar os recursos necessários (não apenas financeiros) para obter os resultados estabelecidos.
OPTIONS (OPÇÕES) – Aqui procura-se levantar todas as possibilidades de se alcançar o objetivo desejado e estabelecer as vantagens e desvantagens de cada uma. Logo após, verifica-se a opção que traria maior retorno e satisfação em relação às demais.
WILL / WRAP-UP (O QUE DEVE SER FEITO, QUANDO, POR QUEM, E A VONTADE DE FAZER!) – Esta última etapa é dedicada ao estabelecimento claro do que deve ser feito e o prazo de realização de cada atividade, com definição de papéis e responsabilidades. É muito importante que exista uma validação de comprometimento dos envolvidos na execução das atividades que irão contribuir com a evolução em busca da performance ideal ou desejada.
E aonde se relacionam as lições aprendidas elaboradas com o modelo citado? A resposta é: em todo processo! Pois, a utilização desta lista de lições aprendidas contribui efetivamente para enriquecer o trabalho de estabelecimento das metas, reconhecimento genuíno do estado atual, avaliação sincera das opções disponíveis e elaboração de um ótimo plano de ação.
Cabe para a nossa seleção, para outras equipes e para nossas vidas também, não acham?!
Para interagir com o autor: gustavo.davila@universidadedofutebol.com.br