Aquecer pra jogar e jogar pra aquecer

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Criar um ambiente de treino propício à melhoria de desempenho e às exigências do futebol moderno requer o envolvimento da comissão técnica em todos os elementos relacionados à sessão de treinamento que podem alterar o rendimento individual e/ou coletivo.

Desta forma, atentar-se inclusive aos pormenores pode contribuir sistemicamente no produto final da equipe (nível de jogo apresentado) e na busca constante do todo maior que a soma das partes.

Um dos elementos que compreende a sessão de treino e pode ser facilmente negligenciado é o aquecimento. O tempo para este tipo de procedimento varia de 5 a 20 minutos e costumeiramente é feito de diferentes maneiras/combinações: trotes, coordenativos de corrida, bobinhos, “dois sem coxa”, gestos técnicos, acelerações, campos reduzidos, brincadeiras, core, estafetas, saltos, etc.

Como a preparação para o componente principal do treino é uma atividade cotidiana e, de certa forma, semelhante, muitas vezes os jogadores (talvez entediados por esta necessidade que se repete dia após dia em toda a carreira) não se concentram o suficiente para sua realização. Ao invés de se prepararem fisiológica e mentalmente da maneira mais adequada possível, muitos optam por colocar a “resenha” em dia, com conversas totalmente descontextualizadas ao trabalho e “economizar” energia, poupando ou roubando nos movimentos determinados (ou não) pela comissão.

Uma vez que a parte principal de uma sessão de treino de quem utiliza o jogo como essência da periodização serão os fractais, em maior ou menor escala, do jogar pretendido, uma boa alternativa para aumentar o nível de concentração do aquecimento e, consequentemente, ficar melhor preparado, é estimular as competências essenciais do jogo (Relação com a Bola, Comunicação na Ação e Leitura de Jogo) em pequenos grupos (no máximo até 3 jogadores).

Após uma pré-ativação sem bola, em jogos com ou sem alvos, restrição ou não de toques na bola, utilização obrigatória da perna não dominante, ou quaisquer outras variações/adaptações nas regras do futebol, é possível criar desde o aquecimento um ambiente de “estado de jogo” indispensável para o jogar plenamente, como menciona o Dr. Alcides Scaglia. Em comissões técnicas bem planejadas, as regras do aquecimento servem até para direcionar os atletas aos macro-objetivos do treino.

A composição de uma atividade com poucos elementos e num espaço significativamente menor que o campo de futebol proporciona uma elevada densidade de ações técnicas que, se corretamente orientadas e conduzidas, influenciarão positivamente o desempenho global de cada atleta no jogo formal.

Além disso, por envolver a capacidade de decisão, a velocidade complexa de jogo (termo utilizado pelo treinador Rodrigo Leitão) é estimulada em especificidade.

Nossos atletas continuarão aquecendo seja com as atividades tradicionais, seja com os jogos que estimulem as Competências Essenciais. Porém, nos últimos 15 anos de envolvimento diário com futebol, incontáveis aquecimentos realizados, orientados ou observados e com o óculos que enxergo o futebol atualmente, tendo a afirmar que a segunda opção é mais eficaz.

Afinal, se vamos aquecer pra jogar talvez devamos jogar pra aquecer!

Abraços e até a próxima semana.

Para interagir com o autor: eduardo@universidadedofutebol.com.br
 

 

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