Toda mudança, em geral, pode causar desconforto e elevar o nível de stress dos atletas profissionais. Mas como conseguir praticar o futebol profissional quando o atleta percebe que o final da carreira atual está próximo do fim?
As fases de uma carreira esportiva vão desde sua iniciação, passando pela fase de desenvolvimento, pela excelência e por fim chegando na fase de aposentadoria da carreira como atleta profissional.
Nesta última fase, o atleta passa a diminuir seu envolvimento com treinamentos intensos e competições oficiais. A transição desta etapa, aposentadoria, para outra atividade profissional talvez seja a transição mais conflituosa, devido ao envolvimento com ajustes sociais, físicos, pessoais, ocupacionais e financeiros. É uma fase que deve ser tomada como a principal meta do planejamento de carreira esportiva para um atleta de alto nível, mas parece que no Brasil ainda não estamos sensíveis para este planejamento.
É justamente neste campo que um Coach pode contribuir imensamente com os atletas profissionais e uma das suas grandes missões, em minha opinião.
Trata-se de contribuir com o autoconhecimento do atleta no início de seu planejamento de carreira, pois ao se conhecer o atleta terá uma visão muito mais clara e genuína acerca de sua nova atividade profissional. Costumo dizer em palestras e treinamentos que o autoconhecimento é uma oportunidade de nos olharmos no espelho da vida e podermos clarificar nossa consciência quanto ao nosso real perfil comportamental.
Existem diversas ferramentas para promover o autoconhecimento, das quais enquanto Coach destaco duas:
1.DISC
- Uma ferramenta que permite que as pessoas compreendam rapidamente suas preferências de comportamento no trabalho, através de quatro tendências básicas: Dominância, Influência, Estabilidade e Conformidade. Esta ferramenta tem sido utilizada há 30 anos por mais de 45 milhões de pessoas no mundo, assim como foi traduzida e validada em mais de 25 idiomas.
Aponto como uma grande vantagem do DISC a capacidade de interpretar a relação entre os quatro fatores (Dominância, Influência, Estabilidade e Conformidade) para traçar um perfil comportamental.
O DISC é ideal para prever a forma como um indivíduo age e interage com os outros. Detecta suas motivações, forças e pontos que precisam ser desenvolvidos, bem como sua reação a um conjunto específico de circunstâncias.
2.ENEAGRAMA
- Definido como um sistema preciso e profundo que descreve nove padrões de comportamento e seus diferentes níveis de consciência, ajudando, assim, as pessoas a evoluírem pessoal e profissionalmente.
O Eneagrama já conta com validação científica e acadêmica, incluindo diversas teses de mestrado e doutorado nos EUA e na Europa. No mundo dos negócios, o Eneagrama vem sendo descoberto por alguns cursos de MBA de instituições, como Stanford e Loyola, nos EUA, e FGV e USP, no Brasil.
Além disso, importantes organizações multinacionais também já utilizam o modelo do Eneagrama com suas equipes. Alguns exemplos são: 3M, IBM, Motorola, Boeing, Disney, Sony, Du Pont, Procter &Gamble etc. No Brasil, podemos citar ainda: Embraer, VIVO, Subsea7, COSAN, Souza Cruz, Oi, Skanska, Oracle, Perdigão, entre outras.
Bem, como disse antes, acredito plenamente no autoconhecimento como grande alavanca para um bom planejamento e uma adequada transição de carreira para os atletas profissionais no Brasil. Chegou a hora de utilizarmos o autoconhecimento com nossos atletas profissionais.
Porém, também deixo uma alerta em forma de reflexão: até quando o Brasil irá ignorar o planejamento da carreira esportiva?
Concentrar-se apenas na formação de novos atletas pode ser um contrassenso caso não tenhamos projetos adequados para o planejamento da carreira e o inevitável momento de transição para uma nova carreira profissional! Vale conhecer o trabalho realizado pela Sociedade Brasileira de Coaching Esportivo, que é pioneira no Brasil neste tipo de serviço.
Até a próxima!