O “Padrão Fifa” no Mundial de Clubes

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Desde o século passado, busca-se indicar o melhor clube do mundo. A ideia surgiu na Grã Bretanha e o primeiro clube a se proclamar "campeão mundial de futebol" de que se tem notícia foi o escocês Hibernian, campeão da Copa da Escócia que se proclamou campeão mundial ao vencer o clube inglês North Preston End em 1887. Atá 1901, o vencedor do confronto “Escócia x Inglaterra” se declarava campeão do mundo, muito embora já houvesse campeonatos de futebol em outros países.

Em 1951 foi realizada a Copa Rio, o primeiro torneio intercontinental de clubes que se tem notícia e a partir de 1960 deu-se início à Copa Intercontinental disputada entre o campeão da Libertadores da América e o campeão da Europa.

Somente em 2000 a Fifa resolveu organizar um campeonato de clubes de maneira oficial. Entretanto, após a primeira edição, a competição somente se tornou contínua a partir de 2005.

Com sede alternada, a Copa do Mundo de Clubes já foi disputada no Brasil, no Japão, nos Emirados Árabes Unidos e este ano, no Marrocos onde, no último sábado, estive, na cidade de Marraquesh para a partida final envolvendo o Raja Casablanca, representante dos donos da casa e do Bayer de Munique, representante europeu.

Ao chegar no Marrocos, a realização do Mundial de Clubes no país era evidenciada com uma série de cartazes e bandeiras alusivas à competição no aeroporto e nas principais vias da cidade.

Iniciei o dia da finalíssima com uma visita ao “Village Footobal”, a “fun zone” criada pela Fifa para o evento.

Havia tumulto para entrar e a entidade permitia a entrada livre de estrangeiros, mas os marroquinos somente tinham acesso ao local portando ingresso para as partidas. Isso gerou imenso tumulto na entrada, eis que vários torcedores locais insistiam para entrar.

Ao chegar na “fun fest” deparei-me com um evento esvaziado e bastante sucateado. Os stands dos patrocinadores não possuiam mais brindes e/ou atividades promocionais e a loja oficial praticamente não tinha produtos para vender. Ademais, muitos dos produtos tinham qualidade questionável.

Os ingressos foram adquiridos pela internet, mas a sua retirada foi extremamente tranquila, pois haviam pontos de “troca” no aeroporto e na estação de trem.

Para ir ao estádio, que é bem distante do centro da cidade, a organização disponibilizou ônibus. O grande problema é que não havia qualquer informação ou sinalização acerca do local de saída dos ônibus e os policiais e seguranças da “fun zone” não falavam inglês. Para piorar, os ônibus não possuiam qualquer indentificação que indicasse se tratar de acesso ao estádio.

Conseguindo-se chegar aos ônibus, havia certa organização e eles demoraram pouco tempo para sair e o acesso ao estádio foi bastante rápido e tranquilo.

Chegando-se ao estádio, apesar dos “auxiliares” não falarem inglês, eram muito educados e atenciosos e os locais de acesso e assentos foram identificados com bastante tranquilidade.

Na maioria dos casos, mas não em todos, os números de assentos foram respeitados. Entretanto, havia muitas pessoas assistindo à partida de pé nas escadas de acesso, o que é proibido pelas normativas FIFA.

O estádio, apesar de novo, moderno e bem cuidado, foi construído sob uma orientação geográfica em que o sol ofuscava a visão de parte dos torcedores.

Os banheiros bastante simples, não tinham nenhum material de higiene, nem papel higiênico, nem sabonete e nem papel toalha. No banheiro masculino não existia vaso sanitário.

E os bares improvisados e desorganizados. Não havia filas para aquisição de comidas e bebidas, mas um aglomerado desordenado de pessoas gritando para chamar a atenção dos atendentes que, desorientados, não conseguiam atender a todos. No meio da partida acabaram os lanches e, quando, foram repostos, não havia troco. Um detalhe importante é de que não havia venda de bebidas alcoolicas, de certo, pelo fato do Marrocos ser um país muçulmano.

A acústica do estádio é excelente e, no meio da partida, foi pedido aos torcedores do Raja Casablanca, em nome do”fair play”, que parassem de incomodar os atletas do Bayer de Munique com laser.

Ao final da partida, o escoamento de torcedores foi tranquilo e a localização dos ônibus oferecidos pela organização também foi bastante célere.

Entretanto, apesar da partida ter terminado às 21:30, os ônibus somente sairam do estádio por volta de meia noite.

Diante de tudo, a sensação é de que a Fifa trata o Mundial de Clubes como evento de segunda linha, já que abre mão de uma série de padrões de excelencia criados pela própria entidade.

O torcedor não chegou a ser mal tratado, mas, de longe o “Padrão Fifa” tão comentado em virtude da realização da Copa do Mundo no Brasil em 2014, não foi exigido pela entidade que organiza o desporto na realização do Mundial de Clubes.

Por fim, imprescindível destacar um ponto extremamente positivo: o comportamento da torcida local do Raja Casablanca que agiu durante todo o tempo de forma amistosa e festiva. Deram uma verdadeira aula de como torcer sem violência. Aliás, estavam presentes várias torcidas organizadas com as suas faixas que, juntas, no início da partida exibiram um belissimo mosaico com a palvra “fight”, pedindo que seus jogadores “lutassem” em campo, isto é, que jogassem com raça. Fica, assim, a indagação, será que a existência de torcidas organizadas por si só é um causador de violência?
 

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