Tenho comentado muito sobre a necessidade de clubes e da entidade que organiza o Campeonato Brasileiro de Futebol (a CBF – represento o Campeonato Brasileiro, mas entenda-se como todas as competições nacionais e estaduais, organizadas também pelas federações estaduais, que formam o conjunto de eventos da modalidade) de assumirem mais responsabilidades por seus atos como sendo estes os entes fundamentalmente “donos” do negócio futebol no país.
A palavra “donos” pode soar um pouco forte em um primeiro momento à medida que temos em mente que o futebol é um patrimônio nacional – a verdadeira paixão do povo. Mas, não encontrei termo melhor para definir a propriedade, ao menos, das principais competições de futebol de alto rendimento.
Neste sentido, é inadmissível que as pressões por melhorias na organização de competições do futebol partam, quase que invariavelmente, de agentes externos, sejam eles governamentais (que vez por outra utilizam a linguagem do futebol para ações populistas, ocupando uma lacuna deixada pela própria entidade que organiza a modalidade), da mídia (sobrepondo interesses) ou de patrocinadores (preocupados com sua imagem corporativa).
São raras as vezes que vemos algum dirigente assumindo um papel proativo no sentido de buscar uma melhor governança de sua própria competição/evento/projeto.
A solução? “Fechar a torneira”. Como a transferência de responsabilidades é comum, que se dê compromissos a quem de direito. Que o governo aperte o cerco, de forma efetiva e rápida, na punição de dirigentes e corresponsabilidade pelos atos do clube (seja no viés financeiro ou mesmo comportamental, para casos de violência); que a mídia esvazie a cobertura; e que os patrocinadores fechem seus cofres, tal e qual fez a Nissan no caso de rompimento contratual com o Vasco após a briga de torcidas no jogo com o Atlético Paranaense.
Sem esse tipo de proatividade nós somos, a bem da verdade, cúmplices de um projeto doente e viciado. Para ser ajudado, é preciso querer. Para querer, é preciso sentir a necessidade de buscar as melhorias efetivas.