A mordida de Suarez no ombro de Chiellini no jogo decisivo de ontem entre Uruguai e Itália, válido pela fase de grupos da Copa do Mundo, ensejou uma série de comentários, críticas e suposições a respeito da atitude da estrela uruguaia. E, apesar de esta coluna não ser conclusiva na análise do caso, pretendo deixar algumas inquietações que fogem um pouco a visão minimalista da imprensa e da opinião pública de um modo geral.
Primeiro, que todos devem saber, Suarez não é “réu primário” para situações análogas. Isso por si só enseja um reflexão bem mais profunda não simplesmente sobre o caráter do atleta, mas do que o leva a ser reincidente em tal comportamento.
Estamos agora discutindo as possíveis punições que o atleta deverá sofrer da FIFA para esta Copa (1, 2 … 4 jogos). Mas o problema é bem mais profundo, até porque ele já recebeu uma sanção severa na Liga Inglesa quando o fez atuando pelo Liverpool contra o Chelsea no ano passado, ficando 10 partidas afastado.
Será que não há diálogo com o atleta? Ou o diálogo está sendo insuficiente? Ou o diálogo, para este caso não resolve? Vejam que a punição parece também não ser a solução mais adequada. A pergunta que fica é: o que o leva a cometer tal atitude?
Há um costume muito peculiar da imprensa e da sociedade de um modo geral de julgar fatos e gerar conclusões aparentemente decisivas sem tentar entender o todo. O caso em voga é um ponto fora da curva: não existe reprodutibilidade de atitude similar no mundo do futebol (no esportivo, lembro apenas de Mike Tyson x Evander Holyfield). Nem pelos jogadores de caráter mais duvidosos que se tem registro. O que representa o ato de morder alguém, de forma agressiva, para a psicologia?
Isso por si só mereceria um debate bem mais consistente. Talvez a linha de “distúrbio psíquico” é a que poderá melhor encontrar respaldo nas ciências. Ou o histórico de vida pessoal, que tende a responder muitas das atitudes na vida adulta.
Enfim, o que é certo é que é muito fácil sentar, escrever (ou falar), vociferando sobre o comportamento de outrem sem ter o mínimo de cautela, respeito, análise e compreensão sobre o todo. É neste particular que a indústria do esporte como um todo precisa evoluir e muito!!!
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