A seleção brasileira e a distância

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As partidas tão longe de casa, distante dos torcedores brasileiros, vem intensificando há algum tempo a indiferença do público local para com a Seleção Brasileira de Futebol. E não é de hoje. Trata-se de um processo que vem sendo construído há muito tempo, independente do famigerado 7 a 1.

É lógico que a lógica é de mercado. Atende os anseios de muitos patrocinadores globais, empresas que produzem os jogos e atinge novos mercados que não conseguem consumir com frequência e qualidade grandes disputas do futebol mundial. E, ainda mais óbvio, impacta de maneira significativa as finanças da CBF.

Contudo, a consequência deste processo sendo semeado por um longo período é o de, no longo prazo, reforçar a perda de identidade do brasileiro com a Seleção Brasileira, que pode não ser recuperada tão facilmente. Se a geração de resultado financeiro hoje para muitos dos envolvidos parece significativa, no futuro a ausência na relação com o público local pode trazer consequências negativas.

Essa premissa vale também para os clubes brasileiros que, inadvertidamente, modificam jogos para aferição de uma receita de curto prazo ao levarem seus jogos para cidades distantes do seu “berço”. O local onde um clube atua tem um valor identitário fortíssimo, que pode ser muito bem explorado e valorizado comercialmente, quando o trabalho é bem executado.

O que seria o Barcelona sem o Camp Nou ou o Manchester United sem o Old Trafford ou o Olympique de Marseille sem o Velodrome. Os exemplos são vastos neste âmbito, encontrando amparo também no mercado brasileiro.

É lógico que jogar, vez por outra, em arenas diferentes, desde que faça parte de um projeto sólido de alcance de novos mercados e se comunique de maneira adequada com o torcedor local, pode fazer bem para a marca de um clube. Reitero: é preciso planejar muito bem esse processo e medir de forma adequada todas as consequências de médio-longo prazo.

Em suma, é preciso trabalhar de forma mais racional os projetos que promovem jogos ou disputas regulares longe do ambiente que identifica uma determinada equipe esportiva.

O “agir localmente, pensar globalmente” serve para muitos casos. Este é um deles!

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