Os conceitos do jogo – parte III

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Para encerrar o tema conceitos de jogo e sua relevância em debatê-los nos ambientes em que se discute futebol, será apresentado um pequeno vídeo com exemplos de transições ofensivas sendo realizadas por algumas equipes do futebol mundial.

Se você não acompanhou as duas publicações anteriores (parte I e parte II), sugiro que retome as leituras para que o vídeo e esta última discussão tenham, de fato, significado.

Aproveito para agradecer a participação dos profissionais Douglas Tales Jr., Marcelo Salazar, Marcelo Padilha e Lucas Almeida com comentários e opiniões que enriqueceram a argumentação.

Antes do vídeo, no entanto, serão deixadas mais algumas reflexões que visam contribuir com a temática proposta.

A primeira, feita por Paulo Jorge Ventura de Sousa em sua dissertação de mestrado, intitulada Organização do Jogo de Futebol (2005), em que cita José Guilherme e escreve:

“O momento de transição defesa/ataque é caracterizado pelos comportamentos que se devem ter durante os segundos imediatos ao ganhar-se a posse da bola. Estes segundos são importantes porque, tal como na transição ataque/defesa, as equipas encontram-se desorganizadas para as novas funções e o objectivo é aproveitar as desorganizações adversárias para proveito próprio.”

A segunda, publicada pelo treinador Carlos Carvalhal em 2011:

“Hoje em dia é recorrente falar-se em transição ofensiva, mas tenho a convicção que este termo é, na esmagadora maioria das vezes, usado de uma forma inadequada. É comum as pessoas associarem este momento a saídas em ataque rápido ou contra-ataque. (…) A Transição ofensiva pode ser caracterizada pelo preciso instante em que se recupera a bola! O que fazer a partir deste instante? Sim, instante!”

Assista, na sequencia, ao pequeno vídeo com alguns exemplos de transição ofensiva:

https://vimeo.com/130678985

A transição ofensiva, para muitos, é vista como a saída do campo de defesa para o campo de ataque. Sob este viés, a transição seria de terreno e não podemos nos esquecer que tratamos de uma transição de momento, neste caso, do defensivo para o ofensivo.

Outra confusão na interpretação conceitual do jogo que influencia o entendimento sobre as transições, é assumir que a equipe está em Organização Ofensiva somente quando, sob os olhos do treinador/observador, está organizada. Esta interpretação fere o caráter de oposição que o Jogo de Futebol possui e a própria semântica da palavra organização. Pois, primeiramente, o jogo e o nível das equipes permite que simultaneamente uma delas esteja organizada sem que a outra também esteja. E o fato de uma equipe não estar organizada, não significa que ela está em transição. Pois, organização não significa estar organizado e sim ato ou efeito de organizar-se. Ação permanente durante o jogo de futebol.

Para concluir, vale lembrar que sob a perspectiva sistêmica, o jogo é, por característica, indivisível. Não devemos separá-los em ataque, defesa, transições, posições, ou qualquer outra divisão/fragmentação que pretendamos. No entanto, para atingirmos objetivos globais com as equipes que construímos, treinos fractais (de partes do todo) devem ser realizados. Senão, bastaríamos fazer os populares treinos coletivos.

Bom trabalho e até a próxima. 

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