Tenho enfatizado nas últimas colunas a necessidade de evoluirmos no debate como mote básico para conquistarmos a tão desejada transformação no futebol brasileiro. A constante tentativa de enfrentamento ante o poder instaurado não contribui em nada com este processo. O resultado, a bem da verdade, acaba sendo o inverso, com algo como o “nós contra eles”, o que torna o sistema ainda mais fechado.
Na parte técnica, vou me reservar o direito de apenas copiar um link de um texto muito feliz, escrito por André Rocha, que analisou de forma coerente o momento vivido por nossa seleção: http://espn.uol.com.br/post/522474_brasil-ainda-nao-entendeu-a-revolucao-guardiola-x-mourinho-e-precisa-reaprender-a-jogar-nosso-maior-atraso-e-no-campo.
No âmbito da reestruturação do futebol enquanto modelo e projeto de gestão, é incrível como aqueles que querem a mudança permanecem sugerindo processos tortos, sem pensar nas consequências futuras. E não se enganem: processos malsucedidos de gestão impactam sim e muito na questão técnica citada acima.
A distância entre a necessidade real de ruptura e a realidade que se pode alcançar com algumas mudanças é enorme. É lógico que, nos melhores sonhos, eu mesmo gostaria de dormir e acordar em uma outra atmosfera de negócios e processos dentro do futebol brasileiro. Seria benéfico para todos!
O amparo destes devaneios se baseiam nas mais recentes discussões sobre a MP do Futebol (aqui tem uma ótima: http://sportv.globo.com/site/programas/selecao-sportv/noticia/2015/06/feldman-diz-que-votacao-da-mp-do-futebol-foi-golpe-bom-senso-rebate.html) ou mesmo da criação da Liga de Clubes. Percebe-se claramente a adoção de certas reivindicações que pertencem mais ao mundo de fantasias do que propriamente a vida real. Os clichês do “mudar pelo mudar” surgem como se pudesse apagar uma história e começar a reescrevê-la do zero.
Boas propostas e bons planos só são erguidos de forma consistente se respeitarem a realidade e o alcance paulatino de objetivos reais. Tudo o que se baseia em pensamentos megalomaníacos pode virar utopia e acabar caindo em descrédito, não ajudando para o fim a que se propunha inicialmente. Novamente, reforço: é preciso mudar o foco dos debates e das propostas para poder se conquistar efetivamente a mudança!