De acordo com as estatísticas, não sofrer gols numa partida é um passo importante para se aproximar da vitória. Para cumprir com este objetivo, diversos comportamentos individuais e coletivos precisam ser aplicados. Conseguir manter a posse de bola (diminuindo o tempo útil de posse do adversário), neutralizar contra-ataques do adversário (através de tentativa de recuperação imediata após a perda da posse ou rápida proteção da meta) e inibir finalizações a partir das zonas de risco (com quebras de linha no portador da bola) são mecanismos que, se corretamente aplicados, contribuem para o sucesso defensivo.
Na coluna desta semana, será discutido um princípio de jogo que tem a mesma finalidade dos comportamentos de jogo supracitados. O princípio é denominando encaixe de área.
Em uma de suas colunas na Universidade do Futebol, o treinador Rodrigo Leitão afirmou que a ocupação do espaço de jogo deve ser “transreferencial” na tentativa de solucionar as diversas situações-problema que emergem do jogo.
Nesta perspectiva, o adversário é (e não só ele), permanentemente, uma referência para a estruturação coletiva do espaço de jogo, seja defensiva ou ofensivamente.
Incluem como referências que podem nortear a organização estrutural da equipe o espaço, a bola, as metas e os companheiros.
Assumir que a ocupação de espaços transcenda referências na manifestação do jogar da equipe pode ser muito útil para o cumprimento da Lógica do Jogo. Como a coluna desta semana tem um caráter predominante dos aspectos defensivos do jogo, vamos a um exemplo:
Imagine que uma equipe defende de forma zonal com sua primeira linha de 4. Em jogos de alto nível, é muito comum que um atacante adversário esteja permanentemente tentando confundir os defensores para receber no espaço entrelinhas, ou então, para atacar o espaço nas costas da linha, através de infiltrações. De acordo com o local da bola (que é uma das referências para o posicionamento da primeira linha), pode ser que o atacante consiga se movimentar entre os zagueiros de tal forma que um deles não veja o movimento de infiltração em suas costas. O que fazer nesta situação?
Se, além do espaço, o adversário também for uma referência para a organização defensiva da equipe, provavelmente o “facão” do atacante será “perseguido” por um daqueles que o viu, que deve ser o jogador de cobertura mais próxima.
Vamos, agora, ao encaixe de área.
Em situações que o adversário se encontra nos corredores laterais próximos à meta de ataque, é comum que se construam ações ofensivas com cruzamentos. Atraídos fortemente pela bola, também é bem comum que zagueiros, volantes e lateral do lado oposto “esqueçam” que os adversários em condições de finalização também são uma importante referência para potencializar o êxito da ação defensiva.
Dessa forma, o encaixe de área, executado com marcação individual nos jogadores que estão em zonas potenciais de finalização, em situações imediatamente prévias aos cruzamentos, podem minimizar as chances de finalização do adversário, logo, de gol sofrido.
Gostaria que, nesta rodada do Campeonato Brasileiro e abertura do Campeonato Inglês, você, caro leitor, acompanhasse lances de ocorrência (ou não) do encaixe de área e o quanto este princípio influenciou as ações de finalização.
Aguardo seus feedbacks e comentários por e-mail para continuar a discussão.
Abraços e até a próxima!