“Seja mais político”

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Esta é uma expressão/conselho que provavelmente você já ouviu (direcionada ou não a você) no ambiente do futebol. Para dar sequência ao texto solicito, primeiramente, um breve exercício:

Registre, como e onde quiser, 10 palavras ou expressões associadas à política e/ou aos políticos brasileiros.

Peço, em seguida, uma reflexão:

Como você se sentiria se a imagem que o mercado do futebol tem sobre você fosse composta por todas essas palavras/expressões ou, ao menos, por boa parte delas?

O mesmo exercício proposto a você foi feito também com alguns companheiros de profissão. Corrupção, injustiça, desonestidade e malandragem foram termos comuns mencionados por eles.

A coluna desta semana pretende trazer alguns apontamentos sobre a conduta e a convivência no complexo ambiente do futebol, repletas de relações e interações humanas em todos os seus níveis.

Da comunicação com a comissão técnica e jogadores, ao posicionamento perante à diretoria, o profissional do futebol está sujeito à situações que deve expor sua opinião e/ou tomar decisões que evidenciam sua personalidade e a forma com que lida com os problemas do cotidiano.

Para tentar deixar mais tangíveis as reflexões, proponho, agora, mais um exercício. Peço que imagine, de acordo com a sua função (exercida ou almejada) qual seria sua conduta em cada um dos problemas hipotéticos listados a seguir:

  • Um dos principais jogadores do time, vinculado a um grande empresário, tem apresentado um comportamento individualista e egoísta
  • A diretoria quer intervir no seu programa de treinamento
  • Um membro da sua comissão técnica tem se dedicado menos do que o ideal em sua opinião
  • No clube, tem surgido algumas fofocas/conversas em relação a sua pessoa e as suas atitudes
  • Você discorda de um posicionamento da diretoria
  • Lhe oferecem uma boa quantia em dinheiro para a aprovação de um jogador no elenco
  • Você quer se manter no cargo e percebe que para isso precisa bajular algumas pessoas

Para quem está no dia-a-dia do futebol, seguramente, já deve ter vivenciado situações semelhantes ou, inclusive, mais complexas que as supracitadas. Também seguramente, suas respostas a estes problemas devem ter seguido seus princípios e valores. É momento, então, para outra reflexão: sua conduta segue o ritmo/status quo das pessoas e do ambiente que você está inserido ou você tenta, de alguma forma, transformá-los?

A transformação (propósito da Universidade do Futebol) é uma palavra com imenso significado para os contextos político e futebolístico atuais. Ela não vem, no entanto, sem estar somada às altas doses de debates, divergências, conflitos, trocas de conhecimento e opiniões.

Por isso, mais do que direcionarmos o foco das mudanças nas coisas (nos métodos, nas estruturas, nas competições ou nas instituições), deveríamos direcioná-lo às pessoas, principais responsáveis pela transformação da política, do futebol ou de qualquer outro produto da sociedade.

E quando a imagem predominante da política brasileira for marcada por expressões como transparência, revolução, oportunidade, competência, honestidade, crescimento, desenvolvimento, coragem, igualdade e justiça, indubitavelmente será prudente, para sua conduta no futebol (e na vida), seguir o conselho como o do título do texto.

Abraços e até a próxima!

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