Parecer ou representar é diferente?

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Talvez entre as profissões mais intrigantes do mundo, para não dizer a mais “bonita”, o treinador de futebol proporciona (ou pode proporcionar) a felicidade/esperança/acalanto a milhares de pessoas. O que implica ser a mais “trabalhosa” (para alguns), no qual nos obriga a resolver problemas muito complexos e nos faz ser dependentes de variáveis não intervenientes, das quais não temos o menor poder de controle* (Julio Garganta fala muito em Constrangimentos da Tarefa, do Meio e do Ambiente). O treinador precisa enfrentar e resolver problemas dos mais variados, desde gestão de pessoas com suas ambições e expectativas) até a elaboração do treino/exercício que precisa resultar em determinado comportamento que vai (tende) ser determinante para correções (jogo passado) e aprimoramento para o próximo jogo (que pode ser “O” determinante). A profissão, e digo especificamente a de treinador de futebol, demanda mais sofrimento que a própria vida. Um mundo onde há as perguntas mais difíceis a serem feitas, pois (como foi dito em alguma coluna atrás) é um esporte coletivo, há interações coletivas, altamente dependente das condições iniciais, continuamente dependente das ações do adversário e intensamente influenciado por fatores que estão indiretamente ligado ao atleta, treinador e todos que se inserem ao treino e jogo.

*Conseguir manipular, pode ser, mas ter controle não acredito.

Um treinador que não tem fé não é um bom treinador.

Ter convicções técnicas e perceptivas (“feeling”), acreditar em você mesmo, no seu potencial. Concordo plenamente, contudo, não podemos esquecer que são as perguntas que movem o “mundo” (peço desculpa por não saber a fonte ao certo, mas acho que foi alguma propaganda que me ensinou isso). Como quero jogar? Quem devo utilizar? Como gerir a frustração/euforia e a sua relação? Como alcançar determinado comportamento individual/coletivo? Onde quero chegar? Qual estratégia utilizar? Como lidar com a crise? Fazer perguntas não é uma tarefa fácil. Aliás, para ter uma resposta decente, faça uma pergunta decente. É fundamental treinar fazer perguntas, principalmente a si mesmo?

Não podemos achar que a nossa (aqui falo nossa por ambição) profissão de treinador de futebol é fácil. Há alguns que ainda levam esta profissão por um caminho “fácil”,  por decorar um treino, seguir a mesma orientação (de um contexto que já passou), continuar com uma estratégia que deu certo em algum momento (geralmente um passado distante), ter aquela receita, aquela repetição (in)cansavelmente continua do comum, do mesmo! Isto tudo é pouco para esta profissão, não sendo o melhor caminho para ninguém.

Profissão que ainda, infelizmente, no cenário atual, é subestimada e mal interpretada por diversos seguimentos nos “mundos” intra/extra futebol. Esta profissão requer, na minha singela opinião, uma vasta gama de atributos para uma única pessoa. Um líder com qualidades necessárias para liderar, salve a redundância. Ou seja, estar pronto para liderar, saber ouvir, saber trocar ideias, saber ser humilde em não saber todas as respostas, mas querer saber todas respostas. Precisamos mudar radicalmente nossa percepção sobre essa profissão. É o que tento exemplificar neste vídeo que a UEFA fez sobre os treinadores de futebol (infelizmente não achei o link oficial, e por força maior tive que fazer o upload novamente, peço compreensão).

Ser líder não é para qualquer um. E a própria natureza mostra isso. Ter autoridade sem ser autoritário. Coordenar e gerenciar a personalidade de diversos atletas (somente a mais complexa “máquina”, o ser humano) com o objetivo de levá-los a(s) glória(s). Alimentar o amor e a paixão de milhares de torcedores, conduzi-los ao status de “vencedores”. Aliás, uma relação (treinador x torcida) que é equilibrada em uma linha tênue, facilmente abalada por um mínimo desconforto/ruído. Um treinador precisa ser sincero, principalmente, consigo mesmo! O essencial é visto pelo coração, como disse Saint-Exupéry. E penso que é alguma coisa nesse sentido. Além de toda as áreas técnicas necessárias e inerentes a profissão, o treinador precisa sentir que está sendo verdadeiro consigo mesmo, a fim de poder liderar/convencer os atletas. Penso, que às vezes, somente usando o mais profundo sentimento nas suas ideias e nas tomadas de decisões que verdadeiramente teremos a colaboração de todos os envolvidos. Se torna necessário criar/usar uma causa, para além (muito além) da financeira, um motivo mais emocional, que mexa intensamente com o ego do(s) atleta(s), sempre no intuito do atleta e da equipe oferecer o máximo disponível para alcançar o objetivo.

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