A história se repete sem que vejamos mudanças concretas serem discutidas. O clássico entre Vasco e Flamengo foi mais um capítulo da triste história que vivemos há décadas nos estádios espalhados pelo país, com uma confusão generalizada ocorrida após o apito final.
O que é necessário acontecer para que o cenário mude? Virou rotina ver no noticiário a briga entre torcidas a cada rodada. E o que de fato acontece com esses criminosos?
De um lado, temos os clubes, que alegam não ter responsabilidade e que o problema é da polícia militar. De outro, temos a polícia, muitas vezes despreparada e que também corre grande risco por sempre estar em menor número. Temos também o poder público, incapaz de criar normas que efetivamente punam os responsáveis que se infiltram nas torcidas em busca de confusão. E, por um último, temos o torcedor.
Esse é quem mais perde e o único que não tem culpa. Cada vez mais afastado ou extremamente corajoso em arriscar a sua vida e de seus familiares para aproveitar 90 minutos da paixão que nutre pelo seu clube e pelo futebol.
A tendência, como de costume, é que o estádio de São Januário seja interditado por um número razoável de jogos. O clube merece uma punição? Sem dúvida que sim, porém não pode pagar o preço sozinho ou, ao menos, ver que a punição não mudará em absolutamente em nada a cultura enraizada.
Jogos com portões fechados, clássicos com torcida única, barreiras enormes para dividir as torcidas adversárias. Não chegaremos a nenhum lugar com essas medidas paliativas e sem sentido. E as brigas continuam, dentro do estádio ou bem distante deles.
E o torcedor? Esse só perde. Melhor assistir pela TV mesmo, carregando a tristeza ao ver um estádio vazio pela tela e segurando a vontade de estar lá vibrando, comemorando, se divertindo. Perde também o clube, salvo raras exceções, com receitas pífias de bilheteria. Perde o vendedor de pipoca, de bebida, o ambulante do churrasquinho. Perde o patrocinador, que não vê motivo para realizar ativações de matchday.
São tantas perdas que o caminho não pode ser outro do que a queda de divisão. Se é que ainda há formas de o torcedor ser mais rebaixado!