“Mas você é mulher!” – Quantas vezes nós, mulheres, já ouvimos essa frase? Quantas vezes você, leitor e leitora, proferiram esta frase? E nós, mulheres que gostamos de futebol, podemos multiplicar por vinte a quantidade de vezes em que a ouvimos.
Quando queremos ir ao estádio ou ao bar sozinha assistir ao jogo do time do coração, quando pensamos em profissões relacionadas à futebol… Ah, e se chegamos lá e cometemos algum deslize a frase muda um pouquinho para a clássica “mas tinha que ser mulher!”, mas continua ali, limitando, tachando e impondo regras que não existem ou, ao menos, não deveriam existir.
Certa vez fui ao bar sozinha assistir a um jogo do Palmeiras. Era final de campeonato, verdão brigando pelo título, domingo de sol típico para um barzinho… e eu não passei vontade, fui! A única mulher com camisa de time, a única mulher sentada sozinha em uma mesa, a única mulher que, aparentemente, estava acompanhando o jogo que passava em todos as televisões de todos os estabelecimentos. Essa deveria ser uma cena normal, mas não parecia ser! O que parecia era ser um convite para alguém sentar ao meu lado, parecia que eu esperava por algum convite, parecia que cada um queria dar a sua opinião e que todo o mundo parecia olhar – surpreendido.
“Mas ela é uma mulher sozinha em um bar, assistindo futebol”! Sim, uma mulher, em um bar, assistindo futebol, sozinha, torcendo, vibrando, roendo as unhas, tomando cerveja e que levanta, sozinha, paga a conta e vai embora.
Parece simples, parece intimidador, parece afronta, parecem tantas coisas, mas no fundo é apenas uma mulher fazendo o que quer.
“Mas você é mulher!”
“Sim, graças a Deus!”