Um dos desafios do marketing no esporte é tornar o torcedor da modalidade (do futebol em si, mas de um clube ou uma seleção) em um habitual consumidor. Nesse sentido, trabalha-se para humanizar a marca esportiva a fim de aproximá-la do público. E isso tem como base comunicar seus inúmeros produtos esportivos (um treino, uma ação beneficente, um ídolo ou o próprio túnel de acesso ao campo, instantes antes de um jogo) de uma maneira que mostra o dia a dia da equipe e quantas pessoas são envolvidas neste processo. O quanto se trabalha em busca da vitória, ao mostrar a rotina de um plantel, com seus dilemas e desafios do trabalho em equipe. Assim como em qualquer outro ambiente profissional. Assim sendo, o torcedor se identifica com sua rotina diária e passa a querer consumir mais.
Ora, o produto final de uma organização esportiva, especificamente do futebol, não é apenas o jogo. Há vários outros que podem ser oferecidos, como os que foram supracitados. Ela é dona deste conteúdo e precisa entregá-lo para o seu público, que quer – em muito – consumi-lo. Bastidores de treinamento, entrevistas rápidas com os jogadores, o dia a dia de um clube são alguns que podem e devem ser comunicados.
Pode parecer um exagero, mas, por analogia o clube é como se fosse a Disney. Possui inúmeras atrações, como os parques (quer seriam as instalações do clube), os personagens (os ídolos do clube), filmes e desenhos animados (jogos épicos e heroicas conquistas). Ademais, chega a possuir franquias pelo mundo todo, como a “EuroDisney”, na França e a que fica no Japão. Alguns colegas chamam isso de “Disneyficação”. No futebol, essas franquias são conhecidas através dos MCOs (“Multi-Clubs Ownerships”), como o “City Group”, detentor do Manchester City, na Inglaterra, mas também do New York City (EUA). Feitas estas analogias, este modelo de negócio parte para o mercado e têm obtido uma grande fatia de fãs e torcedores pelo mundo todo.
Dessa maneira, e auxiliado pelo avanço das telecomunicações, uma organização esportiva pode se comunicar com milhões de pessoas ao mesmo tempo, pelo mundo todo. Alinhado ao objetivo estratégico e um método operacional, a marca é capaz de se humanizar e relacionar com seu público. E isso se transfere para os produtos das federações estaduais (seus campeonatos, por exemplo) e da confederação nacional. Exemplo recente disso é a “CBF TV”, que possui um conteúdo exclusivo bastante diferente da mídia tradicional. Já em fase de implementação, o investimento em canais “on demand” vai permitir ao público consumir o que ele quer de conteúdo áudio-visual, na hora em que quiser.
Portanto, existem muitas oportunidades pela frente neste tipo de comunicação. O torcedor quer estar mais perto, quer fazer-se presente e sentir-se parte do projeto do clube. Em outras palavras, o torcedor quer pertencer. A organização esportiva, por sua vez, vai ter que garantir tudo isso ao criar plataformas exclusivas de conteúdo, muito bem alinhadas dentro de um processo de comunicação estratégica. Uma vez que o torcedor tem isso, adquirem-se dois elos muito importantes dentro do relacionamento entre marca e o consumidor: a lealdade e a confiança.