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Culturalmente vivemos, desde nossas origens, uma febre do “agora”. O que é necessário agora para alcançarmos o que almejamos? Uma visão importante para se obter objetivos a curto prazo. Uma satisfação momentânea que é crucial para manutenção da auto-estima do coletivo e do individual. E, sabemos que a confiança é um pilar fundamental em todo o processo que se queira instalar para chegar a resultados positivos. Fazer o que é preciso para obter o que se deseja. Um pensamento muito importante. Porém, não é o que determina a obtenção do sucesso. Quando falamos de “sucesso”, falamos do fim de uma jornada, de uma competição. E, em minha percepção o que decide “onde iremos chegar”, é o pensamento a longo prazo. O que faremos agora deve estar contido dentro de um conjunto maior, de um propósito maior, além do agora. O que queremos para o futuro?

Já falamos muito sobre o treinar, e como deve ser entendido em fazer aprender e desenvolver capacidades, ou seja, um conjunto de ações organizadas, dirigidas à finalidade específica de promover intencionalmente a aprendizagem e o desenvolvimento de alguma coisa por alguém, com os meios adequados da natureza dessa aprendizagem e desse desenvolvimento. Neste contexto, o treinador deve ser visto como o profissional que tem a função específica de conduzir esse processo, o treino (processo pedagógico de ensino-treino), fazendo-o no quadro de um conjunto de saberes próprios, saberes esses que sustentam a capacidade de desempenho profissional. As funções do treinador definem-se, assim, com base num conjunto de competências resultantes da mobilização, produção e uso de diversos saberes pertinentes (científicos, pedagógicos, organizacionais, técnico-práticos, etc.), organizados e integrados adequadamente em função da complexidade da ação concreta a desenvolver em cada situação da prática profissional. Por isso, o estudo deve ser considerado um caminho para a fuga do imediatismo.

Porém o equilíbrio é sempre um ponto em que sonhamos encontrar, principalmente, na relação estudo/trabalho. Por vezes, me pego com o sentimento de que estudar “demais” bloqueia determinado tipo de leitura/interpretação do “agora”. Sendo este bloqueio prejudicial ao “correto”  julgamento do que se fazer e/ou dizer no momento. De como lidar com a situação a fim de tirar o melhor proveito para o coletivo e/o individual. Também, há uma impressão de cepticismo da sociedade (nomeadamente do futebol) por pessoas que estudam demais. Não falo em preconceito, mas sim uma pré-avaliação sobre profissionais que preferem buscar soluções nas suas reflexões e estudos sobre determinado assunto, ao invés de buscarem em suas experiências passadas aquilo que deu “certo” ou “errado”.

Claro que experiências passadas são fulcrais para se ter uma sabedoria sobre determinados assuntos, principalmente alguns que estão intrinsicamente ligados à prática do futebol. Lembrando um trecho da coluna anterior no qual fala que a “experiência sem teoria é cega, e a teoria sem experiência é apenas um puro jogo intelectual” (Kant). O futebol é um jogo praticado em um ambiente estritamente emocional, especialmente em uma cultura como a nossa, onde a paixão é um dos pilares de todas as tomadas de decisões que o envolve.

O estudo deve ser considerado uma prática, na verdade deve ser um hábito para aqueles que “fazem” o futebol. Com ele tomamos melhores decisões, pois nos oferece embasamento racional sobre aquilo que aconteceu e poderá acontecer. Ter uma rotina de estudos em especial sobre aquilo que queremos alcançar e sobre aquilo que esperávamos encontrar, em determinado treino, jogo, competição, liderança, etc.

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