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Quando falamos de perfil de atleta, também falamos, quase que intrinsicamente, da questão de como é formatada as “características humanas”. Há diversas formas de pensamento e linhas a se seguir sobre este assunto, mas eu particularmente penso que elas não são providas de uma fonte aleatória, fruto do acaso, mas sim resultado de um sistema não linear que segue as leis da complexidade. E, mais uma vez, só porque não entendemos a lógica, não significa que não há lógica.

Muito se fala em dividir o “desempenho”, entrando na questão que o comportamento do jogador é oriundo de 25% dos aspectos técnicos, 25% dos aspectos físicos, 25% dos aspectos táticos e 25% dos aspectos comportamentais e que nós poderíamos alterar o comportamento através do gerenciamento de cada um destes fatores isoladamente. Penso muito ao contrário, para mim a verdade está em outra direção de raciocínio. A aquisição dos aspectos técnicos, táticos e físicos que o treinador necessita para implementar sua forma de jogar, não é igual para todos os jogadores, pois depende das características individuais. Se o treinador possui no plantel somente jogadores cooperativos, por mais que atue nos fatores técnicos, táticos e físicos, ele terá imensas dificuldades em formar um time impositivo (relação todo x parte). Entenda estas características inatas e você entenderá em quais zonas de comportamento que cada  jogador poderá atuar.

Um dos mais renomados pensadores da complexidade, Morin expõe que a aptidão individual para aprender não depende de uma plasticidade análoga à da “cera”, mas supõe estruturas cognitivas/organizadoras, e depende de onde se desenvolveu mais um aparelho neurocerebral, o qual, na sua gênese, na sua constituição, na sua organização, é necessariamente inato. A aptidão para adquirir é, portanto, a aptidão inata para adquirir aptidões não-inatas. Toda a teoria da aprendizagem (aquisição de um saber, de uma competência) deve definir um estado inicial que comporta dispositivos inatos, e quanto mais rico for o dispositivo inato, mais rica será a disponibilidade para a aprendizagem. O ideal seria que discutíssemos sobre fatos que nos levam a determinados raciocínios e que estes raciocínios busquem teorias para explicar estes mesmos fatos, permitindo o gerenciamento eficaz.

O normal é  discutir teorias,  as quais comandam os nossos  raciocínios e  que nos fazem ver os fatos de determinadas maneiras.  Mesmo utilizando caros recursos, os fatos reais teimam em desafiar a nossa forma de gerenciar.  Solução aparentemente óbvia é culpar os profissionais envolvidos  e investir mais recursos em ferramentas que prometem maior eficiência.

O fatos devem comandar a lógica do raciocínio. Mas na ciência, as ideias, geralmente mais teimosas que os fatos, resistem à força dos dados e das provas. Os fatos efetivamente se batem contra as ideias, tanto que não existe nada que possa reorganizar de outro modo a experiência. Infelizmente o conhecimento não cai do céu.

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