Corinthians 2017

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Ver o futebol jogado pelo Corinthians do Carille é prazeroso!

Já não sou mais tão jovem, mas mesmo assim, se há uma coisa que sei apreciar é a beleza moderna deste jogo que evoluiu tanto nos últimos anos! Gosto da riqueza de detalhes do campo que transformou o jogo em tático por excelência. Além de toda a competência coletiva que adquiriu, não o vejo perder nada dos espetáculos individuais de outrora, ao contrário…

Da mesma forma que amava assistir o Flamengo, Cruzeiro, Atlético-MG, Internacional-RS, Santos, São Paulo, Seleção Brasileira, Milan, dentre outros, em seus tempos de glória há duas ou três décadas atrás, sei apreciar o que há de moderno neste mesmo jogo em nossos dias. Confesso que a intensidade e qualidade do meu prazer não mudou nada! Condeno ainda, e veementemente, o “saudosismo ignorante” (o que ignora) e que valoriza o futebol do passado em detrimento do atual.

Para começar a aceitar as ideias do “novo”, temos que aferir nossos olhos e mentes para os progressos no esporte em geral e no futebol em particular. O treinamento esportivo evoluiu assim como quase tudo na vida. Nesta reflexão, não me referirei a questões extra-campo. Somente os fenômenos das quatro linhas estarão em pauta!

O Corinthians de 2017 tem algo em seu jogo que responde ao fruto cultural do trabalho do treinador Mano Menezes, passando pelo Tite e culminando com o desempenho do ótimo pupilo dos dois anteriores, Fábio Carille. Não há como negar. Não se cria uma ideia de jogo tão consistente em apenas alguns meses de trabalho. O brasileiro precisa enxergar e acreditar nisso. Mais ainda, precisamos, entendendo isso, jogar ao lixo vários paradigmas ultrapassados que seguram a qualidade do nosso jogo em patamares de muito baixo nível tático.

Por quanto tempo mais algumas importantes personalidades do futebol brasileiro vão continuar acreditando que o futebol não mudou nada nas últimas décadas? Ouvi isso recentemente, dito por grandes protagonistas do nosso jogo. Fiquei pasmo!

Por outro lado alguns bons exemplos brasileiros vêm remando na contramão desta ignorância tática. O Corinthians do Carille joga um jogo de aplicação de muitos conceitos táticos modernos, o que confere ao seu time um “aspecto de imbatível”, indiferentemente a um ou outro tropeço numa trajetória admirável como a desse ano. Os times que o enfrentam o fazem já “pré” sentindo que não vai dar. Estamos falando de um jogo de proposição constante e de consistência tática. O jogo moderno, que o mundo moderno do futebol está jogando.

Me causou espanto assistir o comentarista do Sportv, Maurício Noriega, por quem tenho muito apreço pela competência das suas análises e reflexões, dizer que o time corintiano não tinha o hábito de propor o jogo. Contra o Fluminense, quando o placar era 0x1, Noriega afirmara que o Corinthians era um time reativo. Não sei se ele quis dizer que a equipe paulista tinha também ótimos contra-ataques ou só contra-ataques como forma de jogar. Tenho visto algo muito diferente quando assisto ao Corinthians jogar: em vários jogos, mas vários mesmo, o Corinthians do Carille foi o grande proponente do jogo.

Contra o Fluminense mesmo, o atual campeão brasileiro jogou o tempo todo “buscando o jogo”. Vide os elogios do Abel Braga ao time do Carille. No entanto, o nível tático aplicado pelo Corinthians não permite a ele, nem a time nenhum do mundo, defender grandes invencibilidades incondicionalmente. Em nosso caso então, estamos no Brasil e não temos ainda um jogo taticamente consolidado a exemplo dos excelentes modelos europeus. Além do mais, repito, estamos no Brasil! O jogador brasileiro continua sendo um grande diferencial no jogo, organizado ou não, sempre perturbando sua ordem sistêmica, seja ela qual for!

Estou aqui defendendo metodologia moderna de treinos e nova concepção para o jogo de futebol. Que os brasileiros a entendam, concebam, busquem analisar as táticas sob os parâmetros do jogo moderno e, para os treinadores em especial, procurem construir jogos para esta demanda!

O mais interessante disso tudo é saber que ainda assim, mesmo estando a frente de todos os seus concorrentes brasileiros, o jogo corintiano tem muito a evoluir. Bastariam mais alguns bons talentos e um bom tempo de trabalho para que atinjam performances ainda maiores.

É isso mesmo! Os craques sempre terão lugar de destaque no jogo coletivo. Desde que joguem coletivamente. A Seleção Brasileira com o Tite está dando um ótimo exemplo aos clubes brasileiros e ao mundo. A transformação não precisava ser tão evidente para que olhos atentos a percebessem! Está tudo muito claro!

Se os grandes e inúmeros craques brasileiros que estão espalhados pelo mundo permanecessem por aqui e disseminássemos o jogo corintiano em nossas equipes, talvez tivéssemos alguns “Barcelonas parecidos ao da era Guardiola” figurando nas competições nacionais. Estamos vendo a transformação do jogo neste sentido em vários clubes e seleções espalhados pelo mundo. Por quê não no Brasil, onde estão os melhores jogadores?!

Não quero passar a imagem de um sonhador ingênuo, apesar de nunca ter deixado de sonhar quando o assunto é futebol brasileiro. Sei que muitas coisas no extra-campo devem acontecer para que o nosso jogo cresça. Mas, como já falei, quero me ater às quatro linhas nesta reflexão. Mesmo porque os atores principais deste post, Carille e sua equipe, são brasileiros e estão “fazendo chover” no Brasil do futebol, repleto de dificuldades.

O Corinthians tem um jogo coletivo, compactado, com transições rápidas e competentes, posse de bola objetiva, momentos defensivo e ofensivo muito eficientes, com proposição, além de ótimos jogadores. Não preciso dizer que está também revelando um grande treinador, pois isso salta aos olhos!

O que nos interroga e chateia é saber que nem por isso devemos acreditar que a administração do Corinthians apostou no Fábio Carille com a convicção de que poderia estar dando a tacada certa. Nada de pessoal! Pode até não ter acontecido no Corinthians, assim como também em um ou outro clube brasileiro. Mas é quase sempre baseado em apostas convenientes para isto ou aquilo, este ou aquele momento, que fazemos no Brasil as contratações dos nossos treinadores. Estamos, invariavelmente, “jogando um pouco de água na fervura” de ambientes turbulentos pelos quais passamos “torcendo” para que a loteria das nossas apostas dê certo.

Aliás, via de regra, a eleição de treinadores para o time A ou B no Brasil é sempre feita como aposta! Se assim não fosse, não teríamos tantas trocas como as que temos. E um número cada vez maior de treinadores desempregados na fila de espera pela sua chance!

Parabéns com honra ao Fábio Carille e ao seu Corinthians campeão, e até a próxima!

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