América do Sul: o futebol é de primeira, mas o produto ainda não

Entre para nossa lista e receba conteúdos exclusivos e com prioridade
Entre para nossa lista e receba conteúdos exclusivos e com prioridade

Muito se pensava que o futebol do continente fosse tomar outro rumo depois das mudanças que aconteceram na Confederação Sul-Americana (CONMEBOL), sobretudo depois da queda dos ex-presidentes Nicolás Leoz e Juan Angel Napout, e um antigo vice-presidente, Eugenio Figueredo. Com eles, uma legião de apoiadores de uma gestão amadora baseada nos interesses, nepotismo e propina, em prejuízo de um dos maiores patrimônios da região: o futebol, seus atletas e torcedores.

gremio2
Grêmio, tricampeão da Libertadores em 2017/ Foto: Divulgação

 

Houve avanços, sem dúvida. As competições estão com uma produção melhor, identidade visual, protocolo. É “perfumaria”, isso ajuda, mas não resolve. O principal torneio de clubes, a Taça Libertadores, está com muito mais brasileiros e argentinos do que de outras nações. Dizem lá que esses países têm grande mercado consumidor e muito interesse no torneio. Não discordo. No entanto a impressão que dá é a de ser uma “casa da mãe Joana”, que sempre cabe mais um. A prazo, desvaloriza o torneio, e certamente isso a CONMEBOL não quer. Quanto mais seletivo o acesso, maior a competitividade e a imprevisibilidade dos resultados. Logo, mais interesse comercial.

Argentina's Independiente footballers hold the Copa Sudamericana 2010 trophy after defeating Brazil's Goias their final football match at Libertadores de America stadium in Avellaneda, Buenos Aires, Argentina, on December 9, 2010. AFP PHOTO / Juan Mabromata (Photo credit should read JUAN MABROMATA/AFP/Getty Images)
A taça da Copa. Foto: JUAN MABROMATA/AFP/Getty Images

 

Não é questão de voltar a competição em ter dois representantes de cada país, mas de restringir mais o acesso, para a valorização do torneio. Até a premiação em dinheiro vai melhorar. Do jeito em que está, jogadores e comissão técnica são sobrecarregados e expostos ao péssimo sistema modal que se tem no continente, como foi a Chapecoense no ano passado, na maior tragédia de sempre do esporte na região. Mais parece o sistema classificatório ter como base uma troca de favores, que lembra os campeonatos brasileiros do fim dos anos 70 e início dos 80, com quase uma centena de clubes, em que havia a máxima: “Onde a ARENA vai mal, mais um no nacional”.*

O que tem ido mal na América do Sul?

Gestão. Governança. Transparência. Comunicação. Igualdade de gêneros. Falta à entidade máxima do futebol daqui cumprir seu papel: proteger e difundir o esporte. Não é isso que se tem percebido. Saiu um grupo, entrou outro. No entanto, quem são os donos do produto “jogo de futebol”? Os atletas, os clubes! Portanto, a organização deles em uma outra entidade privada (criação de uma liga) pode resolver em parte o futebol sul-americano. À CONMEBOL apenas o que lhe diz respeito.

Um feliz Natal a todos.

*ARENA: Aliança Renovadora Nacional, partido criado em 1965 para dar suporte político ao regime em vigor no Brasil. Foi dissolvido com a implementação do multipartidarismo em 1979. Ou seja, no estado onde o partido ia mal era só colocar um clube local na competição nacional para favorecer a elite política dali

 

Compartilhe

Share on facebook
Share on twitter
Share on linkedin
Share on whatsapp
Share on email
Share on pinterest

Deixe o seu comentário

Deixe uma resposta

Mais conteúdo valioso