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Futebol de rendimento requer muito investimento. As cifras são infinitas. Há pouco mais de duas décadas o cenário não era tanto assim. Havia mais competitividade entre o futebol de clubes de grandes centros com os do interior. Em textos anteriores desta coluna foi mencionado que os clubes com mais torcida têm mais oportunidades de receita em função do número de torcedores que possui. Ou seja, esta relação entre número de torcedores é diretamente proporcional ao rendimento financeiro da instituição.
Ao longo da história, alguns fatores foram determinantes para concepção de um clube com torcida numerosa: estar estabelecido em uma grande cidade, que possui inúmeras comunidades étnicas, religiosas e sociais que favorecem o surgimento de associações esportivas, além da criação de rivalidades e o poder econômico e político que a urbe possui, para fins de obtenção de patrocínios e viabilização de sedes sociais e estádios. Com mais recursos, maiores as possibilidades de investimento na formação de futebolistas, plantel e infraestrutura. E os clubes que não possuem uma massa associativa capaz de gerar receitas para se manterem na elite do futebol? Podem viver em uma – nada saudável – “gangorra”, num vai-e-vem prejudicial à estabilidade financeira e institucional do clube: vulneráveis a investimentos de terceiros e interesses alheios aos da organização. À prazo isso pode ter uma terrível consequência.
Entretanto, existem sim soluções. Sabe-se que o modelo norte-americano do esporte profissional é baseado em um sistema de não-rebaixamento e promoção de clubes, bem como da igualdade de condições de competitividade entre os seus participantes. Em outras palavras, as piores equipes da temporada têm benefícios a fim de estabelecer uma equipe competitiva para a disputa da próxima. Há também o teto salarial que contribui para a saúde financeira da liga, seus integrantes e os atletas, que têm seus contratos cumpridos por toda a temporada. Um modelo como o norte-americano, adaptado ao futebol do interior do Brasil (conforme suas condições, contexto e realidade) é sim possível: a formação de ligas. Para que isso seja viável é preciso antes de tudo que os interesses dos clubes sejam convergentes com esta ideia.
Portanto, com uma regularidade dos jogos e adversários, a atratividade do torneio a partir das rivalidades que existem dentro do futebol do interior, estabeleceriam um produto interessante para torcedores e potenciais patrocinadores. Com uma estabilidade de recursos e austeridade nas finanças, maiores as chances de investimento em categorias de base, infraestrutura (estádio) e plantel. O clube respira e sobrevive. Evita-se a gangorra e o vai-e-vem de divisão (muitos vão dizer que isso é que dá a graça). Entretanto, preserva-se a instituição, o torcedor e, sobretudo, o atleta.

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