Quer entender o Atlético-PR de Fernando Diniz? 

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Entender o jogo de Fernando Diniz não é fácil. Juro que já tentei. Falando diretamente com ele. Algumas vezes. A mais recente foi no final do ano passado. Ele desempregado. Rebaixado com o Audax.
Diniz nos brindou com sua presença no grupo de estudos que temos na Universidade do Futebol, capitaneado pelo brilhante professor João Paulo Medina. Me lembro como se fosse ontem: no final da reunião, após termos debatido e estudado o assunto do dia, puxei o meu celular e peguei um vídeo enviado por mais um amigo, o auxiliar de Diniz, Eduardo Barros: esse vídeo mostrava o Audax em organização ofensiva, encurralando o Palmeiras, em pleno Aliianz Parque. Eu na minha fome de estudar o jogo, sedento por entender tudo de tática, análise de desempenho e metodologia de treinamento, já fui indagando Diniz sobre os princípios e sub-princípios que estavam ali envolvidos.
E ele calmamente me respondeu que antes da tática vem as relações pessoais. Poxa, como assim as relações? Por exemplo: para jogar apoiado, em que o portador da bola tem duas opções de passe na formação de um triângulo pelo menos um jogador vai ficar sem receber a bola. Como se diz na gíria, vai ter ‘corrido a toa’. Para o goleiro fazer parte do modelo de jogo e da construção ofensiva o grupo todo tem que confiar nele. É contra-cultura aqui no Brasil o goleiro jogar com os pés. Afinal, se ele fosse bom estaria na linha, argumentam os mais conservadores. Para toda hora ter cobertura defensiva, há de se ter um espírito de equipe. E aí, está: se não houver grupo, companheirismo, senso coletivo e ajuda mútua esse tipo de jogo não vai rolar.
É por isso que Fernando Diniz considera muitas vezes mais importante fortalecer as relações do que treinar princípios e sub-princípios.
O atual técnico do Atlético-PR acredita piamente que com esse espirito e com esse tipo de jogo sua equipe estará mais próxima da vitória.
Ele diz sempre que todo garoto que vira jogador em algum momento da sua adolescência foi o melhor ou da rua ou da escola. Por que engessa-lo e podá-lo quando chega ao profissional? Resgatar o homem antes do jogador é o que mais fascina Diniz, que também é psicólogo. Entender o porque de esse jogador talvez não ser mais o melhor do pedaço faz com que Diniz dedique quatro, cinco horas conversando com esse homem e desvendando tudo o que passou. Eles se abraçam, choram, riem. Tudo junto.
Portanto, depois dessa conversa passei a entender melhor. Realmente antes da amplitude, da profundidade, da ultrapassagem e da compactação vem a forma com o que o grupo é construído. Diniz é assim na derrota e na vitória. Um time é o retrato fiel da personalidade de seu treinador. Não pense que o técnico do Furacão está empolgado com os últimos elogios. Assim como ele não mudou suas convicções quando foi rebaixado com o Audax e passou mais de seis meses desempregado. Você pode gostar ou não. Mas Fernando Diniz é um dos poucos, senão o único aqui no Brasil, que joga por uma filosofia, por uma missão, por um propósito.
 

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