Mais do que ninguém sou apaixonado pela imprevisibilidade do futebol. Um esporte em que nem sempre o melhor vence, é algo que me prende e me fascina. E, entender o caos e a complexidade que circunda o jogo é algo que me move a estuda-lo cada vez mais.
Porém, mesmo diante desse cenário, o sucesso no futebol não é obra do acaso. Ele é planejado. É merecido. E deixa rastros e pistas para todos.
Clubes que foram vitoriosos por pelo menos um período médio de tempo – e não apenas ganharam um troféu aqui e outro alí – tiveram algo em comum na maioria das vezes; a manutenção de uma ideia de jogo. Uma identidade. Uma filosofia.
Vamos lembrar de equipes que ganharam com consistência no futebol brasileiro recentemente? Anote aí: nos anos 90: o São Paulo do inicio da década, o Palmeiras nos meados dela e o Corinthians da virada do século. Nos anos 2000, o Santos ressurgindo com os meninos da Vila, o São Paulo soberano e esse Corinthians que ressurgiu da Série B para ganhar praticamente tudo até agora.
Repare que não falei de jogadores e treinadores. Falei de eras. De conceitos. E todos representado por vários e diferentes atletas, técnicos e estilos. Mas cada um mantendo uma identidade padrão.
Basta uma mínima análise para ver as pistas que esses sucessos deixaram: continuidade, convicção, manutenção de filosofia de gestão e ideia de jogo.
Trazendo para os dias de hoje, qual clube grande paulista é o menos vitorioso dos últimos anos? Será que por mera coincidência é o que mais trocou de filosofia de futebol? – e aí entra no balaio mudança brusca não só no perfil de técnicos e jogadores, mas também de dirigentes. Pois é, falamos do São Paulo.
Que em abril já trocou de treinador. Que em abril tem jogador estreando (Everton). Que em abril já pensa em liberar para outro clube a sua grande aposta da temporada (Diego Souza). Que em abril já sabe que não será neste ano que ocupará sua galeria de conquistas com um troféu da Copa do Brasil.
É fato que no futebol, assim como na vida, sucesso e fracasso são opções. São escolhas. Algumas variáveis não podemos controlar dentro de um jogo de futebol. Mas outras variáveis, principalmente fora das quatro linhas, podemos. E é aí que a interferência deve ser mais assertiva e determinante. Tanto para o bem, como para o mal.