Ainda temos no Brasil o costume de achar que os melhores jogadores juntos vão formar o melhor time e alcançar os melhores resultados. Ou então para comparar a eficiência de duas equipes pegamos jogador a jogador por posição e tentamos ver qual é a melhor. Talvez isso funcionasse se o jogo não fosse complexo, caótico e dinâmico. Mas ele é tudo isso e mais um pouco.
Ter os melhores jogadores não garante absolutamente nada. É claro que se pegarmos o líder da Serie A do Campeonato Brasileiro e colocarmos diante do último colocado da Serie D a diferença técnica irá prevalecer. Porém, em times de poderio parecido há outros aspectos que farão mais diferença do que a qualidade técnica individual.
É comum vermos jogos em que temos a impressão de que uma equipe tem quatorze jogadores em campo. Ou então outras que parecem ter nove – e não por ter alguém expulso e sim por conta das relações entre os integrantes da equipe que não estão ajustadas. Isso se dá também através da potencialização das individualidades que um jogo coletivo bem elaborado produz. Você pode, por exemplo, ter os quatro melhores atacantes do mundo jogando juntos. Porém se eles não auxiliarem na marcação em algum momento a habilidade ofensiva não será suficiente para a vitória. O todo sempre será maior que a soma das partes.
Não quero tirar aqui a magia dos craques. São eles que nos fazem amar o jogo. Mas o romantismo acabou. Não temos mais jogos que terminam 7 x 6. Hoje ganha quem erra menos e não quem acerta mais. Não defendo a robotização do jogo. E sim a ideia de que plano tático, estratégico e funções bem definidas com e sem a bola dentro de um time cada vez mais estarão sobrepostas ao talento individual. Nem o Real Madri da época dos Galáticos tinha onze jogadores em campo que eram os melhores das suas respectivas posições. No futebol atual o melhor time é o mais equilibrado.