Entre para nossa lista e receba conteúdos exclusivos e com prioridade
Entre para nossa lista e receba conteúdos exclusivos e com prioridade

O grande passo para melhorar os níveis de execução, decisão e organização é entender que isto somente é possível reconhecendo e rejeitando alguns mitos. O primeiro é aquela crença de que as habilidades de um jogador nasceram com ele. Como em qualquer área, com o tipo de prática adequado, podemos configurar nosso próprio potencial.
O segundo diz que se praticarmos pelo tempo suficiente (a tal das 10 mil horas) iremos melhorar. Não é por aí, pois se fazemos sempre a mesma coisa, na mesma intensidade, não sairemos da zona de conforto e por isso o resultado tende a ser a estagnação.
O terceiro mito é aquela afirmação de que você só precisa se esforçar para melhorar. É evidente que o esforço é necessário para melhorar, mas se o objetivo é o desenvolvimento em algo específico, como é o caso do futebol, a utilização de uma prática organizada pode te levar além do que somente por esforço.
Resumidamente, se não melhoramos é porque não praticamos da forma correta.
Pensando em organizar a prática no futebol, João Quina e Amândio Graça, publicaram um artigo muito interessante em 2011. O estudo aborda as situações de aprendizagem/treino de uma forma bem simples destacando que a competência tática dos jogadores e da equipe se desenvolve na prática e os treinos devem ser organizados de forma a potencializar o desenvolvimento de capacidades como a de decisão, eficácia motora e comunicação/cooperação. Seguindo esta lógica, os autores adotaram um modelo que busca evidenciar três tipos de contextos diferentes: 1) Tarefas Baseadas no Jogo, 2) Formas Parciais de Jogo e 3) Formas Básicas de Jogo.
1) Tarefas Baseadas no Jogo: são exercícios simples, com o objetivo de aplicar os princípios fundamentais do jogo e as respectivas ações técnico-táticas de suporte.
2) Formas Parciais de Jogo: são três estruturas diferentes de aprendizagem para exercitar e assimilar os princípios de organização coletiva da equipe.
Finalizar vs Impedir a Finalização: neste tipo de situação pretende-se resolver questões relacionadas à recepção ativa e orientada, noção de enquadramento à baliza, proteção da bola, momento de remate, técnicas de remate, deslocamentos e posicionamento em função da bola, dos colegas e dos adversários.
Criar Situações de Finalização vs Impedir a Criação de Situações de Finalização: pretende-se promover de forma dominante a assimilação (A) dos princípios específicos da organização ofensiva da equipe nos setores ofensivo e do meio campo ofensivo, tendo em vista criar situações de finalização; (B) dos princípios específicos da organização defensiva da equipe nos setores defensivo e do meio campo defensivo, tendo em vista anular situações de finalização e recuperar a bola; (C) dos princípios específicos da organização coletiva relativos às transições defensiva e ofensiva nos setores supracitados.
Construir o Ataque vs Impedir a Construção do Ataque: nesta categoria, pretende-se promover a assimilação (A) dos princípios específicos da organização ofensiva da equipe nos setores defensivo e do meio campo, tendo em vista a progressão no campo de jogo e a entrada com a bola controlada no setor ofensivo; (B) dos princípios específicos da organização defensiva da equipe nos setores ofensivo e do meio campo, de forma a impedir a progressão da equipe adversária e recuperar a bola; (C) dos princípios específicos da organização coletiva relativos às transições defensiva e ofensiva nos setores supracitados.
3) Formas Básicas de Jogo: são versões simplificadas do jogo formal, construídas a partir de alguns elementos da estrutura formal e funcional, conservando sempre (A) a ideia do jogo; (B) a estrutura e os objetivos do jogo; (C) o fluxo normal do jogo; (D) as relações de cooperação/oposição e de espaço/tempo. Em suma, constituem um contexto adequado de identificação e correção dos problemas relacionados aos princípios específicos e estruturais de organização coletiva da equipe.
Pensando num contexto mais semelhante ao jogo e na tentativa de consolidar os comportamentos desejados em cada momento do jogo, devemos introduzir os jogadores em conceitos de jogo de maior complexidade quando os mesmos já dominam os conceitos mais simples. O jogo precisa da organização coletiva e o jovem necessita conhecer os conceitos básicos do jogo coletivo desde o primeiro momento. Com esta ideia os conteúdos do processo de ensino/treino se repetem durante a vida desportiva do futebolista.
Por esta razão, a planificação das sessões de treino merece um maior cuidado, ou seja, a organização, o tempo e a qualidade da prática são fatores determinantes para o desenvolvimento dos jogadores. Lembrando ainda que, através das progressões já mencionadas, a aprendizagem torna-se gradual e sistemática, incrementando gradativamente o nível de dificuldade das situações de exercitação, em aproximação às exigências do jogo.
 

Compartilhe

Share on facebook
Share on twitter
Share on linkedin
Share on whatsapp
Share on email
Share on pinterest

Deixe o seu comentário

Deixe uma resposta

Mais conteúdo valioso