Entre para nossa lista e receba conteúdos exclusivos e com prioridade
Entre para nossa lista e receba conteúdos exclusivos e com prioridade

Em uma das publicações anteriores, levantamos uma discussão a respeito de escanteios ofensivos e sobre a constante evolução que o futebol vive, fruto da necessidade dos treinadores de criarem conceitos e variantes à sua ideia de jogo que lhes permita obter vantagem significativa sobre o adversário.
Desta vez o tema é a falta lateral/central defensiva e suas diferentes possibilidades de posicionamento da defesa, o que obviamente, irá gerar diferentes repercussões e interações, as quais sem dúvida vale a pena pensar à respeito.
Fazendo uma análise sobre o modo como as equipes no futebol mundial vêm defendendo cobranças de falta lateral/central, podemos afirmar que a maioria das equipes do mundo (da categoria de base ao profissional) posicionam seus jogadores em cima da linha da grande área. Essa tendência se aplica tanto para equipes que defendem homem-a-homem como por zona, como podemos ver na imagem abaixo.

França, campeã do mundo, defendendo uma falta lateral.

 

Embora seja comum posicionar os jogadores assim, trata-se de um conceito pouco debatido. Parece-me, inclusive, que as bolas paradas além de serem pouco discutidas, sofrem de certo preconceito no mundo do futebol, sendo raramente valorizadas. Prova disto é o pouco tempo de treino destinado durante a semana (normalmente treinada apenas na véspera do jogo), pela maioria dos treinadores.

Fato é que, quer queira ou quer não se queira, elas fazem parte do jogo e, mais do que isso, as bolas paradas decidem jogos e campeonatos. Simplesmente por este motivo elas merecem valorização e aprofundamento teórico e prático.

Por isso, analisaremos este tema de maneira mais aprofundada para saber se realmente a estratégia de posicionar a equipe na linha (ou dentro) da área é a mais adequada para se sobrepor ao rival, já que algumas equipes, há alguns anos vêm adotando um posicionamento diferente do habitual. Minha análise se baseará apenas no posicionamento, excluindo parâmetros fundamentais como disciplina, agressividade, ataque à bola, imposição no duelo defensivo, coragem, sincronismo, velocidade no preenchimento dos espaços, etc.

As vantagens associadas ao posicionamento defensivo na linha da área:

– Facilita a organização e disposição dos jogadores, uma vez que a linha da grande área serve como referência de posicionamento, proporcionando fácil visualização e ajuste;

– Proteção da profundidade, teoricamente fazendo com que a defesa dificilmente tome uma bola nas costas, já que estando mais próxima do gol, diminui o campo para o adversário;

– Devido a estar facilmente em linha, a defesa pode utilizar a regra do impedimento ao seu favor.

Compilação de lances positivos em que a defesa, posicionada na linha/dentro da área apresenta solidez defensiva.

Talvez seja por isso que assistimos a tantas equipes defendendo desta forma. Contudo, por mais que as equipes tenham disciplina, boa agressividade no ataque à bola e entrada na área no tempo correto (conseguindo afastá-la), também é verdade que, semanalmente, assistimos gols e chances perigosas criadas principalmente a partir de faltas laterais/centrais. Para além da qualidade ofensiva da equipe que ataca, a criação de chances de gol pode estar associada à algumas repercussões que o posicionamento na linha, ou dentro da área gera.

As desvantagens associadas ao posicionamento defensivo na linha/dentro da área:

Inevitavelmente quando a defesa está posicionada na linha da grande área (de forma intencional, mesmo tendo a possibilidade de adiantá-la) leva a que, com a “viagem” da bola a defesa termine a jogada dentro da grande área, produzindo uma aglomeração de jogadores (defensores e atacantes) que limitam/restringem a ação do goleiro neste tipo de bola, impedindo de socá-la, ou agarrá-la, enfim, intervir de maneira direta.

Simplesmente, se cria a possibilidade dele ficar “vendido” no lance, a espera de algum desvio, ou acontecimento para reagir.

Talvez por isso ouvimos por aí orientações do tipo “cobra em direção ao gol porque se ninguém desviar ela entra” ou até mesmo “joga na área e espera pela confusão”, pois realmente nestes casos a bola fica muito “viva” e como o goleiro tem (em vários casos) sua ação limitada, qualquer desvio, cabeceio, rebote pode significar gol.

Atlético de Madrid dentro da área muito antes do apito, na defesa de uma falta lateral, contra o Real Madrid. Uma falta lateral que custou a primeira Champions para Simeone (2015/2016)

 

Se esta desvantagem vale para equipes que fazem a “invasão” da área apenas no momento da batida, ela aumenta significativamente para equipes que invadem antes, ou marcam já dentro da área, antes mesmo do apito do árbitro.

Compilação de gols sofridos e chances criadas a partir de faltas laterais, com equipes posicionando a defesa em cima da linha, ou, dentro da área.

 

Como vimos, o posicionamento na linha/dentro da área (tal como tudo no futebol) tem seus pontos positivos e negativos, cabendo ao treinador refletir se os riscos compensam os benefícios e optar por esta estratégia, ou por outra.

Nesse sentido, no próximo artigo trarei outra possibilidade de posicionamento na defesa das faltas laterais, que irão gerar outras repercussões, tanto positivas como negativas. Ideias que igualmente visam obter maior solidez defensiva e, por consequência, reduzir significativamente a margem de risco associada às faltas laterais.
 

Autor

Compartilhe

Share on facebook
Share on twitter
Share on linkedin
Share on whatsapp
Share on email
Share on pinterest

Deixe o seu comentário

Deixe uma resposta

Mais conteúdo valioso