No último domingo tivemos as duas seleções principais de futebol do Brasil em campo. As mulheres fizeram a estreia na Copa do Mundo e os homens, amistoso preparatório para a Copa América. A repercussão foi imensa e a mobilização da torcida pela equipe feminina é algo que deixa qualquer um emocionado. A identificação do público com elas, também. Oxalá não seja temporária, que perdure e aumente mais e mais.
Sobre a identificação, ela não surpreende. É cada vez maior a distância da seleção masculina com o público. O popular, “muito mimimi”. E é isso mesmo. A sociedade confere tanto retorno aos ídolos no esporte, faz tanto por eles – não apenas o reconhecimento pelas habilidades profissionais -, são referências estéticas e éticas a ponto de precisarem retribuir, quer seja por uma visita a um hospital até a criação de uma fundação assistencial. Em uma sociedade acostumada à indicação, ao nepotismo, influências e interesses, quase sempre os que ocupam cargos de comando – sobretudo públicos – a meritocracia é rara e o esporte um dos poucos setores em que ela é escancarada.
Em outras palavras, que resumem o parágrafo acima, aquele que é referência tem que dar o exemplo. Dentro e fora de campo. Ultimamente não é isso que se percebe de alguns expoentes da seleção masculina, pois não.
Cansados de tanta “balbúrdia”, de péssimos ou de nenhum exemplo, as pessoas se lembram do passado e comparam com os tempos em que não havia tantos holofotes. Lembram-se de ser bem menor ou quase nula a presença dos esportes no noticiário policial ou no de fofoca. O “amor à camisa” era mais evidente, falava-se pouco e fazia-se muito. Trabalhava-se muito!
E é isso que as mulheres fazem e sempre fizeram. Trabalharam e trabalham em um silêncio extremamente barulhento, que são os incontestáveis resultados. Chegam lá pelo esforço, com método e com mérito. De respeito ao passado, às futebolistas pioneiras no Brasil, que desafiaram uma legislação que as impedia de praticar a modalidade principal deste país, que se confunde com a formação da identidade nacional!
Ademais, a conduta diária de esforço contínuo, profissionalismo e empreendedorismo são os melhores exemplos que podem ser dados a um país para atingir os níveis mais altos de desenvolvimento humano, a romper com a cultura da indicação, do nepotismo, das influências e interesses alheios ao crescimento e desenvolvimento.
Diante disso, é absolutamente natural que, nos noticiários esportivos da noite do último domingo, as manifestações de simpatia pelas mulheres da seleção brasileira tenham sido incontáveis. Principalmente pela maneira como elas têm trabalhado e subido passo a passo. Exemplos para todo um país.
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Em tempo mais uma citação que se relaciona com o tema da coluna:
“Nunca foi. Ambição, desejo de se tornar herói nacional e ganhar mais dinheiro sempre foi mais forte.”
Tostão,
campeão mundial de futebol em 1970, sobre em o alto-rendimento no esporte ser lugar para desenvolver valores morais e éticos