Foi finalmente lançado em português do Brasil o livro “Cartão Vermelho”, de Kim Basinger, sobre o escândalo de corrupção na entidade máxima do futebol mundial, a FIFA. A operação do FBI (Escritório Federal de Investigação, sigla para Federal Bureau of Investigation) em hotel suíço, que levou à prisão vários conhecidos dirigentes completará 5 anos no próximo mês de maio.
Desde então percebe-se um movimento tímido, mas cada vez mais comum, em relação aos cuidados com princípios de governança nas entidades de prática (clubes) e de administração do esporte (federações e confederações). Apesar de serem pessoas de direito privado, trabalham com manifestações de interesse público. Afinal, o futebol é um fato social total, a modalidade representa diversos setores da sociedade. Através dos seus clubes e seleções nacionais as pessoas se identificam. Promove-se o sentido de unidade e pertencimento, estabelecem-se ritos e tradições, além de atributos intangíveis, fundamentais para o ser humano.
Desta maneira as pessoas cobram pelo bom tratamento, gestão e condução deste “bem público”. Querem títulos, é verdade, mas ao mesmo tempo não gostam que grupos de interesse façam dele um trampolim para a projeção pessoal, enriquecimento ilícito ou manutenção do status quo (tráfico de influência).
Princípios de governança sugerem, em resumo, que os interesses coletivos e os da organização esportiva sejam colocados em primeiro e único lugar, em detrimento dos individuais ou dos pequenos grupos, com base em um planejamento estratégico e de acordo com a sua origem, quando estabelecidas a missão, a visão e os seus valores.
Com tudo isso, a aplicação de políticas de governança com o tempo contribuem para a transparência e capacidade de comunicação da organização esportiva, melhora o relacionamento com as partes interessadas (torcedores, investidores, comunidade) e colabora para a imagem institucional. A longo prazo essas ações serão fundamentais para a sua sustentabilidade e existência em um ambiente cada vez mais competitivo e com consumidores cada vez mais exigentes, que não querem ver as suas contribuições financeiras mensais sustentarem estes determinados grupos de interesse.
Em tempo: a coluna recomenda a leitura deste livro, mais o “O Delator”, de Átila Abreu.
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Em tempo, mais uma citação que se relaciona com o tema da coluna:
“Sempre leio primeiro a página de esportes, que registra os triunfos das pessoas. A primeira página não me diz nada além dos fracassos do homem”.
Earl Warren, político e ex-chefe da Justiça dos Estados Unidos