O treinador venezuelano Rafael Dudamel fora contratado em janeiro para assumir o Clube Atlético Mineiro. Pouco tempo depois, foi demitido. Alegam que os bons resultados não vieram, entre outras coisas. Mais uma constatação da falta de planejamento e do trabalho com base no imediatismo de boa parte da elite do futebol do Brasil.
Para que um trabalho tenha solidez e seja sustentável, é preciso tempo. Quando se fala sobre Marketing Esportivo, elemento da Gestão do Esporte, o tempo é um bem bastante precioso. É através dele que se executa um cuidadoso plano de ação, em que cada passo possui resultados a serem atingidos. Estas ações possuem como base os valores da instituição que criam uma cultura organizacional, que por sua vez dão um sentido de missão para a instituição, cujo trabalho se volta para como o clube quer ser reconhecido e estar fazendo em um breve futuro. Desta maneira, criada esta cultura organizacional, com o tempo o marketing e a comunicação do clube podem atuar com base na condução dos trabalhos dos demais departamentos.
É preciso perguntar o porquê de contratar Rafael Dudamel. Longe de questionar suas competências e qualidades. Entretanto a contratação dele precisa se adequar ao que o clube quer no futuro próximo e como o novo treinador vai colaborar com a sua cultura organizacional, no cumprimento da sua missão e com base em seus valores.
Dudamel durante o trabalho à frente das seleções venezuelanas carregava com ele o exemplo de um sério trabalho com vistas a colher resultados a longo prazo. Era o treinador da equipe principal e das de base. Conseguiu dar identidade e mentalidade vencedora ao futebol de seleções do seu país, já não mais reconhecida como sendo a mais fraca da América do Sul. A “Vinotinto” foi vice-campeã mundial sub-20 masculina há alguns anos e o plantel certamente será a base em busca de uma vaga para um próximo mundial FIFA. Em linhas gerais, exemplo de planejamento, visão e trabalho de longo prazo. Em outras palavras, projetos que deram resultados.
Pelos vistos não foi pensado nisso quando o contrataram, para terem-no demitido após tão pouco tempo. Consequência do imediatismo que ainda trabalha boa parte do futebol de rendimento neste país, de satisfazer a torcida e do esquema de poderes entre os dirigentes da modalidade. Em outras palavras, o querer que resultados deem origem a projetos.
Com tudo isso, é preciso romper de uma vez por todas com paradigmas do passado que envolvem o futebol de rendimento do Brasil em um ciclo vicioso. É preciso pensar e trabalhar em longo prazo não apenas para a sustentabilidade da modalidade, mas para que dê sentido de missão, propósito e vocação para a organização esportiva e que esta viva e cumpra com os seus valores.
Vencer, não apenas dentro de campo, mas fora dele também.
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Em tempo, mais uma citação que se relaciona com o tema da coluna:
“O segredo da mudança é concentrar toda a sua energia, não em lutar contra o velho, mas em construir o novo.”
Sócrates
Filósofo da Grécia antiga