Futebol e Meio Ambiente, o que um tem a ver com o outro? Pode parecer que não há nada que os relacionem, mas é bem verdade que estes dois temas estão mais próximos do que podemos imaginar, afinal, nada está desconectado da sustentabilidade e a necessidade em preservar o meio ambiente e os recursos naturais.
Ademais, é importante ressaltar que o futebol não pode ser visto mais apenas na ótica da bola, do campo e dos jogadores durante a partida carecendo de uma visão abrangente – e empresarial – que compreende também as questões socioambientais.
Dessa forma, preservação do Meio Ambiente, sustentabilidade e desenvolvimento sustentável, que são expressões originalmente relacionadas ao desenvolvimento socioeconômico, político e cultural, vem sendo incorporadas ao futebol quando atreladas à responsabilidade ambiental, a qual tem ganhado maior atenção dos clubes e das empresas parceiras destes, sempre na busca de manter uma imagem positiva com a torcida e o público em geral.
A preocupação com as questões ambientais no meio futebolístico é recente, tendo ganhado maior espaço com a copa do mundo de 2014 em que foram criadas diretrizes do Ministério do Esporte para construção e reforma de estádios e centros de treinamento, incluindo questões de sustentabilidade, eficiência energética, possibilidade de uso racional da água dentre outros.
Em relação a Copa do Mundo de 2014 no Brasil, a sustentabilidade teve relação, inicialmente, com as próprias obras de construção e/ou reforma dos Estádios, mas o legado é visto atualmente, em alguns casos, de maneira positiva e com boas práticas ambientais, a exemplo do Estádio Mineirão em Belo Horizonte, o qual adota práticas de reaproveitamento da água da chuva, geração de energia limpa e renovável, por meio da usina solar fotovoltaica instalada na cobertura do estádio e o reaproveitamento de resíduos.
Antes disso, a Federação Paulista de Futebol criou o projeto “Eco Torcedor” em parceria com os clubes de futebol da primeira divisão do estado de São Paulo. As principais ações realizadas no âmbito da preservação ambiental do programa foram: plantio de bosques urbanos e coleta de resíduos sólidos recicláveis que teve um significativo resultado com a coleta de mais de uma tonelada de resíduos recicláveis nos eco pontos instalados nos estádios. Além disso, foram plantadas 16.260 mudas para a formação de bosques urbanos.
Muitos times brasileiros têm investido ou já investiram em ações que buscam a promoção da sustentabilidade e projetos voltados para o meio ambiente. São exemplos o Internacional e Grêmio com seus estádios sustentáveis com sistemas de aproveitamento da água da chuva para irrigação do gramado e jardins e limpeza de áreas internas e externas.
Em São Paulo, Corinthians e Palmeiras firmaram parceria com empresa do setor privado no extinto projeto de carboneutralização – captura de gases do efeito estufa por meio do plantio de árvores, chamado “Jogando pelo Meio Ambiente” – iniciado no ano de 2010 e responsável pela criação de uma reserva ambiental de árvores nativas da Mata Atlântica onde foram plantados um total aproximado de 50 mil árvores.
Outro exemplo é o clube Atlético-MG, o qual inaugurou em 2020 a “Usina do Galo”, responsável pela produção de energia fotovoltaica para abastecer a sede administrativa, o centro de treinamento e os dois clubes sociais, o que poderá gerar economia financeira e benefícios ao meio ambiente imensuráveis.
É evidente o crescente incentivo por práticas ambientais mais conscientes, aliando o desenvolvimento sustentável – e proteção ao meio ambiente – ao futebol, e possibilitando diversos benefícios relacionados a conquista de um relacionamento ético e dinâmico com os órgãos públicos e entidades de proteção ambiental e a garantia de segurança e credibilidade aos torcedores e patrocinadores quanto a execução de boas práticas ambientais, dentre outros.
Percebam que todos estes programas e ações realizadas buscam ou buscaram trazer benefícios para a sociedade e propiciar a promoção de benefícios para o meio ambiente, agregando valor à marca do próprio clube de futebol e aos patrocinadores que veem sua marca atrelada a uma entidade esportiva que valoriza princípios de Responsabilidade Social e Sustentabilidade Ambiental, ou seja, ações em consonância com os desafios a serem superados no século XXI.
Iniciativas que busquem melhorias na qualidade ambiental e utilização consciente dos recursos naturais, seja em centros de treinamento ou em estádios de futebol, têm sido valorizadas pelos torcedores e patrocinadores devido ao recente movimento de conscientização da população que de modo geral busca apoiar a sustentabilidade, fazendo-se necessário aos clubes de futebol também buscarem promover iniciativas de proteção ao meio ambiente ainda mais consistentes.
A nossa concepção é que os clubes de futebol reconhecidos por promovem melhorias ambientais e implantação de processos eficientes de controle e reaproveitamento de água e resíduos, ou seja, clubes que adotam boa gestão ambiental terão resultados financeiros mais satisfatórios quando comparados aos clubes que não fazem uma gestão ambiental preventiva em razão da valorização de suas marcas, reconhecimento da torcida e empresas parceiras.