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É sabido que o futebol brasileiro carece de uma gestão profissionalizada, com executivos profissionais, devidamente remunerados para tal, com dedicação quase, se não, exclusiva ao cargo de gestão que ocupam nos clubes de futebol.

Certamente, o modelo jurídico adotado pelo futebol brasileiro, qual seja, o modelo associativo, de certo modo, não estimula uma gestão organizada e profissional dos clubes de futebol, ao passo que, na grande maioria das vezes, a indicação do conselho gestor dos clubes ficam nas mãos dos conselheiros, que em sua maioria, são apaixonados pelo time mas não gozam de conhecimento técnico suficiente para indicação e, até mesmo, gestão de associações desportivas.

Neste cenário, o momento da pandemia veio reforçar ainda mais o quão enriquecedor pode ser o processo de transformação dos clubes de futebol em clubes empresas, mas por quê?

Primeiramente, sem adentrar ao mérito das questões tributárias que ainda estimulam os clubes a se manterem como associações desportivas sem fins lucrativos e que poderão ser objeto de outra coluna, há que se reparar que o momento de pandemia demonstrou, mais ainda, a fragilidade financeira dos clubes de futebol brasileiros bem como a dependência de determinadas receitas para a manutenção da estrutura financeira.

É notório que os clubes de futebol têm em seu orçamento, de forma relevante, a contabilização das receitas advindas de direito de transmissão, bilheteria, dentre outras receitas vinculadas às partidas de futebol, o que com a pandemia, foi duramente afetado.

Logo, ficou evidente que instituições que possuem bons parceiros financeiros, conseguiram manter o nível de contratações em patamar diferenciado, além de conseguir manter a totalidade, ou quase a totalidade, das despesas recorrentes em dia. Mas surge o questionamento: Como esses valores ingressam nos clubes? A que título isso é realizado?

De uma forma simples, muito destes valores ingressam nos clubes por meio de contratos de mútuo, que é um mecanismo legal para empréstimo de quantias financeiras (não só isso, mas iremos nos limitar no presente caso).

Observa-se, então, que no modelo associativo, os clubes de futebol sempre ficam na dependência de aportes de terceiros, muitas vezes, com contrapartidas que, na primeira vista, podem não “doer” aos cofres dos mencionados times, mas no médio prazo, certamente aumentará de forma significativa o endividamento da instituição, o que pode acarretar problemas irreparáveis, por se tornar “bola de neve”.

Mas o modelo clube empresa mudaria isso? Certamente, tudo que é novo causa uma certa estranheza e desconfiança, e cravar que seria a solução é algo arriscado, pois o modelo, por si só, não anda sozinho, mas orienta a ações de pessoas.

Todavia, o clube ao se organizar no modelo empresarial, surgem algumas obrigações legais que trazem conforto para possíveis investidores, para os seus sócios/acionistas, que podem vir a ser, inclusive, torcedores.

É sabido que modelos jurídicos como as Sociedades Anônimas, por exemplo, demandam regras mínimas de governança corporativa, que podem ser aprimoradas e aprofundadas por cada instituição, que garantem aos seus acionistas e pessoas interessadas, segurança suficiente para obter retornos transparentes sobre a gestão e dia a dia do clube.

Outro ponto relevante, diz respeito a possibilidade de criar um plano de negócios que possa efetivamente ser cumprido, com executivos profissionais, devidamente escolhidos por acionistas e/ou investidores, e que terão papeis bem definidos e responderão pelos seus atos, nos termos da lei.

Ou seja, a gestão do clube, ao se tornar mais transparente e profissional, faz com que aquele clube se torne mais atrativo para captação de recursos, e ainda, que não necessariamente entrariam como dívidas para a instituição, mas sim, mediante aporte de capital, por exemplo.

Ainda, ao tornar a instituição desportiva em uma sociedade com fins lucrativos, com regras de gestão bem definidas, cargos diretivos sendo executado por executivos profissionais e remunerados por isso, divulgando suas demonstrações financeiras de forma coerente e transparente, e retirando das mãos de pessoas não totalmente capacitadas, mesmo que bem intencionadas, a gestão do clube, minimamente, torna mais seguro e justificável para investidores aportarem capital nas mencionadas instituições.

Ou seja, a implementação de boas estruturas de governança corporativa, que muitas delas já são abordadas nas próprias legislações específicas (Código Civil e Lei de S.A), passam a dar uma cara mais profissional à gestão do futebol, o que, certamente, atrairá grandes players para esse mercado.

Seria a solução? Não podemos cravar que sim, mas, certamente, a implementação de medidas de controle e estruturas mais organizadas, como em todos os mercados, atrai investidores, e por qual motivo não atrairia em um mercado tão sedutor como o da bola?

*As opiniões dos nossos autores parceiros não refletem, necessariamente, a visão da Universidade do Futebol

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