Crédito imagem: Bruno Ulivieri/AGIF/CBF/Divulgação
“O dia em que a terra parou”, já cantava nosso poeta, Maluco Beleza, Raul Seixas.
Nas águas de março de um ano histórico, uma inesperada e necessária pausa de vida. Mas, como é complicado, difícil e complexo viver um momento histórico mundial, sem precedentes na nossa trajetória. Talvez, nem Freud explique. E se explicasse, o que ele nos diria?
O mundo parou e quem imaginaria que a grande paixão mundial também? Pois é! Inacreditavelmente, a partida de futebol precisou ficar suspensa por longos meses. Nesse instante, os corações inquietantes dos atletas, principalmente da garotada em formação, pulsaram forte. Os sonhos foram interrompidos, desejos foram postergados, ações, comportamentos, vontades e anseios foram repensados.
Quantas perguntas se fizeram, quantas perguntas os fizeram? O que me aguarda no futuro próximo? Quando retornarei ao campo? Quando poderei pisar no gramado? Quando poderei fazer o que mais amo? Quantas inquietações foram necessárias e quantas perguntas sem respostas tivemos por tantos dias.
Sonho, caracteriza-se pelo “ato ou efeito de sonhar, conjunto de imagens pensamentos ou de fantasias que se apresenta durante o sono”. Desta vez, por ironia do destino, o sonho aconteceu ao despertar, aconteceu nas noites mal dormidas de uma incerteza constante e até na falta do paladar. “Se esperamos viver, não apenas de momento a momento, mas sim verdadeiramente conscientes da nossa existência, nossa maior necessidade e mais difícil realização será encontrar significado nas nossas vidas.” Essa passagem do escritor Bruno Bettelheim, retirada do livro: “A Psicanálise dos contos de fadas” reflete bem o sentimento desses atletas sonhadores vivenciados nessa pandemia reflexiva.
Retornar ao futebol, retornar as atividades presenciais, trouxe de volta a esperança desse “novo normal”, desse “novo sonhar”, só que agora de um ponto diferente, talvez com muito mais significados, talvez com muito mais cores e muito mais vida na caminhada de cada um. Acompanhar sua chegada, vê-los adentrar no Centro de Treinamento, o mundo desejado e almejado por muitos, mas ainda para poucos (e bem poucos), me fez sentir que vale a pena continuar o trabalho! Eles retornaram, se colocaram à disposição para o novo de novo, demonstraram em seus olhos as pupilas dilatadas, de tanta euforia, felicidade e turbilhão de sensações e emoções.
O desejo de pisar naquele velho tapete sagrado, desejo de uma família por trás – de um pai, de uma mãe – desejo de um mundo melhor, de uma vida melhor, desejo de muitas mudanças.
Momentos históricos nos fortalecem, momentos desafiadores nos tornam mais fortes. Será? Foi assim que senti e presenciei o retorno desses super-heróis. Eu falei super-heróis?! Sim! Eles chegaram e voltaram com suas capas invisíveis, sorrisos por trás das máscaras e muita força para salvar o mundo, salvar o outro e salvar a si. Guerra de gigantes, sonhos de meninos e, que nesse conto, nessa história narrada, o final ainda é incerto, o super-herói ainda não salvou o mundo, mas nesse mundo do “salve-se quem puder”, onde ainda estamos vivendo uma pandemia, onde as doses homeopáticas são diárias, seu final feliz ainda é incerto, mas muito possível.
Sejam bem-vindos, meus meninos, meus garotos sonhadores! O que o futuro nos espera? Quais sonhos serão realizados? Ainda não sei. Mas a psicóloga e filósofa da vida que vos fala garante que passaremos por tudo isso juntos. Viveremos tudo isso mais uma vez, se preciso for…
E como diz a letra da música da Banda Skank, “Bola na trave não altera o placar, bola na área sem ninguém pra cabecear, bola na rede pra fazer o gol, quem não sonhou, em ser um, jogador de futebol?”