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Crédito imagem – Alexandre Vidal/Flamengo

A saída de Rogério Ceni do Flamengo é mais um capítulo que nos ensina e nos faz refletir sobre a complexidade que envolve o futebol de alto rendimento. Se dentro das quatro linhas as coisas já são complexas, aleatórias e imprevisíveis, já que a decisão de um jogador desencadeia uma ramificação gigantesca de novas situações, o que dizer então dos bastidores, das relações, das entranhas de um clube?! 

É verdade que o Flamengo não vinha jogando um futebol de encher os olhos. Mas estão mais do que óbvios que os motivos que determinaram a queda de Ceni foram extra-campo. Aliando sempre conhecimento à prática, há um consenso no mundo acadêmico de que o treinador de sucesso deve ter três competências muito bem apuradas: a técnica, a interpessoal e a intrapessoal.

A competência técnica diz respeito a questões de campo: ideias táticas bem elaboradas, metodologia eficaz de treinamentos, boa capacidade de leitura e uma correta intervenção no jogo e etc. A interpessoal trata das relações. Tudo o que envolve o relacionamento do treinador com as pessoas ligadas ao trabalho: dirigentes, jogadores, funcionários, imprensa e torcida. E por fim a competência intrapessoal é uma reflexão crítica do profissional sobre a própria prática e a consequente melhoria e aperfeiçoamento com base nos erros e acertos percebidos. É interessante notar que duas entre três dessas habilidades são comportamentais. E elas são maioria porque justamente são as mais determinantes para o sucesso. Claro que para chegar no alto nível um treinador precisa ter bons conhecimentos de campo. Mas até mesmo o jogar da equipe está relacionado a uma boa liderança do técnico, já que se a comunicação dele com os jogadores não for assertiva nem mesmo a melhor ideia de jogo do mundo será plenamente absorvida. Ou se a motivação e a visão de futuro dos atletas não estiver em dia será difícil ter o melhor de cada um.

Rogério Ceni tem uma curta, porém já vitoriosa carreira como treinador. Que essa saída do Flamengo e os flagrantes problemas de relacionamento que ele teve aflorem ainda mais suas habilidades inter e intra pessoais. Partindo do pressuposto de que não existe fracasso e sim feedback, Ceni tem bons argumentos para refletir a voltar ainda melhor.

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