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Tenho tido a sensação de que estamos todos melancólicos quanto ao futebol brasileiro.

Além das frequentes notícias de desentendimento geral entre Fifa, COL, Ministério dos Esportes, empreiteiras e clubes, no que concerne à Copa 2014, a grita também passa pelo sentimento de grave crise técnica – formativa – filosófica dos jogadores.

Fundamentalmente, sob um olhar sistêmico, percebemos um desequilíbrio no desenvolvimento das áreas do conhecimento afeitas ao futebol.

Direito, Medicina, Fisiologia e Preparação Física, Fisioterapia, são funções que estão qualificadas em alto nível nos clubes.

O Marketing dá mostras, em poucos clubes, que avança para esse caminho.

A grande dificuldade reside no fato que a Gestão não consegue contar com profissionais qualificados segundo visão e aprendizado desde dentro do futebol.

Em outras palavras, poucos são os profissionais que se dedicam, exclusivamente, ao futebol e/ou foram forjados a partir dele, ao mesmo tempo em que a educação formal também fosse orientada para isso.

Se não temos cursos de capacitação, nem profissionais dedicados integralmente ao pensar e agir, o resultado é a frustração amparada no sentimento de não atingir os resultados imaginados.

Temos feito as mesmas coisas há bastante tempo. Os resultados continuarão sendo os mesmos.

A bile negra do estado de depressão se agrava ainda mais quando se olha pro vizinho e se enxerga, nele, um estado de extrema felicidade.

O Boca Juniors celebrou um acordo de cooperação técnica com o Barcelona, ampliando o projeto que existia em La Candela, Buenos Aires.

Isso fomentará a formação dos treinadores segundo a metodologia do clube catalão e, em contrapartida, os jogadores de destaque na base argentina poderão ser selecionados para ingressar no seu elenco.

Algo semelhante não poderia ocorrer aqui no Brasil, com os grandes clubes?

Algumas alianças comerciais tem sido esboçadas, como o Manchester United – Desportivo Brasil, Internacional – Tottenham.

É um bom sinal, mas precisamos mais envolvimento.

O primeiro passo do rico e longo processo é reconhecer não apenas necessidade, mas humilde interesse em promover o desenvolvimento de nosso futebol segundo a engrenagem que movimenta todo o mecanismo: o jogador de futebol.

Precisamos resgatar nossas origens históricas.

Nesse estado pré-depressivo, o futebol brasileiro precisa de ajuda profissional.

Sem isso, fica difícil superar a melancolia.

Que a frase de Cruyff possa ser vivida em nossos estádios no dia a dia, remetendo ao prazer de jogar futebol e de assisti-lo:

“Jogar futebol é simples. Mas o mais difícil que existe é jogar futebol simplesmente”.

Para interagir com o autor: barp@universidadedofutebol.com.br
 

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