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A queda de Ricardo Teixeira abriu o que imagino ser a tal limpeza da “Copa do Mundo transparente” que prometíamos anos atrás. Seria uma Copa repleta de fiscalizações, mas só agora algo veio de fato à tona.

Sem Teixeira, a CBF e seu método de trabalho continuam os mesmos, assim como os contratos já assinados. A principal corrupção já está em contrato firmado. Os membros são da mesma linhagem, com a mesma mentalidade. E, alguns, de mesma índole.

Com Teixeira no poder, os estádios e as cidades escolhidas poderiam ter sido outros, embora eu dificilmente trocasse alguma delas. A presença de Andrés Sanchez na Copa do Mundo 2010 (sempre estando junto à seleção e a membros da CBF) e a invasão de torcida organizada do Corinthians em treinos extremamente restritos da seleção, já levantavam algumas suspeitas, embora eu também veja o Morumbi, a nova Arena Palestra Itália ou o Pacaembu com infraestrutura urbana nas suas imediações impossíveis para um Mundial, principalmente se fosse abertura.


 

A surpreendente, frustrante e mal explicada troca de projetos do estádio de Cuiabá após a seleção da cidade também demonstra uma suspeita de corrupção. São, portanto, dúvidas referentes a todas as escolhas e licitações, materiais escolhidos para os estádios, o tão mal falado logotipo oficial, a entrada de Ronaldo no COL, escritórios escolhidos para fazer alguns projetos e, até mesmo, com o Teixeira na Fifa, a escolha do Brasil como sede – embora eu também acredite que era a opção mais interessante para a entidade máxima do futebol.

Acima, o estádio (sem grandes problemas técnicos) usado para que Cuiabá fosse selecionada como cidade-sede, pela Castro Mello Arquitetos (autora também do projeto de Brasília); abaixo, o projeto com capacidade reduzida e arquibancadas desmontáveis do escritório GCP. Considerar somente o conceito e diretrizes de projeto, e não o estágio de desenvolvimento, pois a primeira proposta foi interrompida, e a segunda foi desenvolvida, trabalhada e maquiada com renderização e apelo gráfico.

Exatamente tudo que já foi assinado deveria ser revisto, mas se isso for feito, perdemos os prazos de tudo e o gasto que teremos com a investigação e burocracia para continuar as obras seria novamente público.

Deveríamos ter fiscalizado, mas já que não foi feito, podemos tentar rever contratos ainda não executados e tentar reduzir alguns valores absurdos de estádios e, claro, punir os envolvidos. Aproveitaríamos para mostrar um Brasil diferente do que nós e os outros países vemos ao mesmo tempo em que daríamos um passo contra a corrupção.

Devemos pressionar para que Teixeira saia da Fifa, afinal, se não nos representa na CBF, por que representaria o Brasil e América Latina naquele organismo majoritário?

Se investigarmos e expusermos os suspeitos, quem sabe, futuramente, nossos estádios sejam definitivamente econômicos, sustentáveis e dignos de deixar um legado para o país: um legado ético e de honestidade política.

Para interagir com o autor: lilian@universidadedofutebol.com.br
 

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