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Venho lendo ultimamente vários textos com diversos pontos de vista sobre a preparação física e seu papel nas novas metodologias de treinamento.

Alguns dizem que a preparação física vai acabar, outros que nada vai se modificar e assim por diante.

Acredito que como todas as funções dentro da comissão técnica esse profissional precisa evoluir e se adequar às novas exigências do mercado; contudo, penso ser um tanto quanto radical demais dizer que o preparador físico desaparecerá das comissões em um futuro próximo, mas deixemos essa discussão para outras oportunidades…

Pois bem!

Dentro da Periodização Complexa de Jogo (Leitão, 2009), a vertente física é parte fractalmente integrante do jogar e precisar ser: vista, analisada, mensurada e planejada complexamente dentro do processo para que sua evolução ocorra junto com os demais fractais do jogo.

Para que isso seja feito de maneira adequada, preciso dominar vários conceitos “bio-físio-químico-motores” do jogo.

Com o objetivo de iniciar uma série de discussões “físicas”, trago conceitos basais sobre este assunto: “As Teorias Gerais do Treinamento”.

Tais teorias, segundo Zatsiorsky e Kraemer no livro “Ciência e Prática do Treinamento de Força (2006)”:

“…são modelos muito simples, que técnicos e especialistas utilizam amplamente para resolver problemas práticos.”

Resolver problemas práticos!

É disso que precisamos.

Nas teorias gerias do treinamento segundo tais autores temos a teoria de um fator (teoria da supercompensação) e a teoria de dois fatores (teoria da fadiga-condicionamento).

Cada uma delas trata de uma maneira diferente a preparação e o condicionamento do atleta.

Vamos detalhar cada uma delas, sem deixar de levar tudo a campo, é claro!

Comecemos pela teoria de um fator ou supercompensação.

Nessa teoria, define-se que os estímulos de treino são responsáveis pela depleção de substâncias bioquímicas que serão restauradas nos momentos de repouso e pausa. Sendo o tempo de recuperação adequado, acredita-se que as concentrações de substâncias bioquímicas se elevam acima das concentrações iniciais, configurando-se, assim, uma fase de supercompensação.

Em outras palavras, tenho uma sessão hipotética em que as atividades têm por objetivo desenvolver predominantemente a capacidade anaeróbia dos atletas. Sendo assim, a densidade das mesmas é alta e a depleção de glicogênio muscular é intensa.

Segundo essa teoria, acredita-se que após um treino como esse devo ter uma pausa adequada para que os níveis de glicogênio se restaurem acima dos encontrados antes de tal sessão.

Porém, consigo fazer isso no futebol? Posso deixar um atleta 48-72 horas recuperando e esperando o pico da supercompensação entre duas sessões de treino com as características descritas acima?

A teoria da supercompensação é muito utilizada, mas precisa ser vista de uma maneira crítica e adequada a modalidade e as necessidades do grupo em questão.

Vamos para a segunda: teoria de treinamento de dois fatores ou fadiga-condicionamento.

Nessa teoria, leva-se em conta fatores que se modificam vagarosamente e fatores que se modificam rapidamente. O efeito imediato do treino é caracterizado pela ação de dois fatores: ganhos de condicionamento e fadiga. Sendo assim, a performance do atleta melhora em virtude do ganho em condicionamento e piora em decorrência da fadiga.

Para que aja evolução da preparação em longo prazo é preciso que os efeitos em duração da fadiga sejam menores que os efeitos dos ganhos do condicionamento.

Em outras palavras, nessa teoria, o treino é visto com um ambiente onde o atleta equilibra efeitos positivos e negativos. Por exemplo, tenho uma atividade de 5×5 em que o objetivo é a manutenção da posse de bola. Ao longo da atividade se espera que os atletas evoluam e consigam resolver os problemas do jogo de uma maneira mais elaborada; contudo, a fadiga ao longo do tempo age como um fator limitador da performance. Dessa forma, a evolução está ocorrendo, mas é limitada de certa forma pela fadiga acumulada ao longo da sessão.

Sendo assim, preciso fazer o planejamento, seja dentro do treino ou ao longo do processo, a fim de minimizar os efeitos da fadiga entre as sessões e potencializar os efeitos positivos do treino.

Em minha opinião, a segunda teoria se adéqua melhor às exigências do futebol, mas precisa ser muito bem entendida, e o planejamento bem feito!

Vejam que essas teorias são apenas fatores gerais que interferem no treinamento. Então, como podemos negligenciar essa parte, dita física, tão importante da complexidade do jogo?

Até a próxima!

Para interagir com o colunista: bruno@universidadedofutebol.com.br
 

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